
Depois de duro processo de provas e contraprovas enfrentado com destemor nos recentes mais de doze meses, fui aceito como Research Scholar pelos novos critérios do escritório do Provost (Reitor) da Columbia University, uma das 10 mais importantes universidades dos Estados Unidos. Do planeta, portanto.
Para quem quiser comunicar-se, o e-mail institucional que passo a utilizar é: cfc2148@columbia.edu
Não é pouca merda, corrijo, coisa para um filho da mãe filho da puta da minha estirpe. Será das últimas ambições de qualquer um chegar a esse lugar. Mas quem, da minha geração de negro/as?
Chave de ouro de uma carreira acadêmica, profissional e de ativismo político de muita responsabilidade e enfrentamentos. Depois disso pretendo plantar alfaces, se é que você me entende. Foda-se a mediocridade! Foda-se o resto!
O convite foi-me oficializado pelo diretor do Institute of African Studies da Columbia, o filósofo de origem senegalesa Souleymane Bachir Diagne, sumidade internacional respeitadíssima em sua área acadêmica.
Com a pandemia do Covid-19 e em reforço à segurança seguida aos ataques sofridos pelo país pela Al Qaeda, completos 20 anos neste 11 de setembro, tudo mudou entretanto.
A decisão de aceite foi totalmente centralizada pelo Provost. Soube oficialmente, em recomendação de desestímulo, que tem sido negada a entrada para a maioria de candidatos estrangeiros.
Fico aqui até julho de 2022, encarregado de pesquisa cujo tema é o quanto a violência letal e não letal contra grupos socialmente marginalizados – no Brasil ou nos U.S. – afeta a qualidade da democracia.
Subsidiariamente, o que tem sido feito do dinheiro da Cooperação Internacional – fundações privadas, públicas e híbridas como as agências das Nações Unidas – que ao longo das recentes décadas tem sido carreado para entidades que se dizem representantes dos movimentos negros, feministas, LGBTQI+ etc.
É manhã de 9 de setembro de 2021 quando escrevo essas mal traçadas, sentado no Poetica Coffee, enquanto sorvo um “cortado” (café forte com leite) quentinho.
Chove fininho aqui no Brooklyn, um dos cinco distritos (boroughs) da cidade de Nova York, onde desde domingo passado uma amiga, Joan Roney (Joanie), abriga-me in your home numa das áreas mais cobiçadas do lugar, Cobble Hill.
Minha querida Mel já deveria estar aqui, com a mãe, conforme o combinado, vez o ano escolar começar em setembro. Imprevistos acontecem. Conforme se resolvam a contento, as espero neste novembro, talvez a tempo de passarmos juntos o Thanksgiving.
Espaço em que busco um apartamento para alugar. Os preços são proibitivos para alguém que veio sem apoio de fundações de fomento à pesquisa no Brasil. Apesar de o CNPq ter reconhecido o mérito do projeto, recomendado por dois examinadores externos Ad hoc, negou recursos alegando “falta de verba”.
Portanto é um investimento por conta própria, pensando principalmente no futuro daquela criança filha de casal negro brasileiro/baiano advindo do esgoto social das favelas. É pegar ou largar.
O preço de aluguel ou compra de imóveis, depois de despencar na pior fase da Covid, retornou à estratosfera. É quase impeditivo morar nas regiões novaiorquinas as quais almejo.
É a segunda vez que devo passar uma temporada tão grande de moradia em Nova York. Como visiting scholar da New York University (1998-1999), supervisionado por George Yúdice, residi em Manhattan, em minúsculo apartamento cedido por Joanie, durante doutorado na Universidade de São Paulo. Mais de vinte anos de amizade sincera.
Daquela época para frente retornei três ou quatro vezes em rápidas passagens pela cidade, sozinho ou acompanhado. Já trouxe três dos meus quatro filhos. Lys (em 2011), Uidá (em 1999) e mesmo Mel. Que aqui ficou uma semana em novembro de 2019, quando prospectamos essa temporada. Em qual escola pública ela poderia estudar?
A pandemia do Covid-19 postergou nossa transferência, inicialmente prevista para agosto de 2020. A entrada de brasileiros nos Estados Unidos foi vetada desde março daquele ano por ordem executiva de Donald Trump.
A emissão de vistos foi e continua suspensa, com os consulados estadunidenses no Brasil fechados ao atendimento público até hoje. Um informante garantiu que há agendamentos prévios para até 2023, ante a expectativa de com a imunização em massa no Brasil os consulados americanos venham ser abertos nos próximos meses.
Turistas endinheirados contornam o veto viajando para o México ou Bermudas, aí permanecendo por 14 dias, se conseguirem agendar entrevista na representação americana nesses países para obter visto. Quando entram aqui, são obrigados também a quarentena.
Contudo em abril deste 2021 nova ordem executiva, agora sob Joe Biden, abriu uma estreita janela – chamada de Exceção de Interesse Nacional (NIE).
Pesquisadores, acadêmicos, estudantes, categorias profissionais que tenham sido aceitos por instituição acadêmica ou empresas de peso, se comprovam isso podem agendar entrevista em consulado no Recife, Rio, São Paulo, Brasília ou Porto Alegre.
Quando agendamos no consulado americano em São Paulo no início de agosto, vimos alguns candidatos terem o visto negado. A decisão é conhecida no momento mesmo da entrevista, no balcão de atendimento em que o agente do consulado faz perguntas em inglês.
Como Research Scholar da instituição, a burocracia da Columbia University providencia todos os trâmites formais junto ao Departamento de Estado e Segurança Interna dos Estados Unidos, habilitando o candidato ao visto J-1. Os dependentes por esse relacionados têm direito ao visto J-2.

É preciso prova de teste recente negativo (RT-PCR) para Covid-19 antes de embarcar. Viajei pela American Airlines, decolando por volta das 22h de 4/09 de São Paulo para o JFK Airport, localizado no Queens. Nove horas de voo direto, com apenas 50% das poltronas ocupadas. O que permitiu esticar o esqueleto noite adentro depois do jantar.
Na chegada, mais hora e meia na fila antes de receber a aprovação de entrada pelos agentes da polícia de Border/Passport Control, que também examinam sua vida e fazem perguntas antes de carimbar seu passaporte.
Na medida em que já sabia deslocar-me ao endereço de Joanie, para sair do JFK peguei o Airtrain até a estação Howard Beach, transferindo-me para a linha “A” do metrô (subway), sentido Manhattan. O custo do trajeto é US$ 11. Notei que apesar de cartazes recomendatórios para uso de máscara facial, alguns passageiros não a usam.
Adiante, em estação de baldeação já no Brooklyn, transferi-me da linha “A” para a linha “G” do subway. Uma estação depois estava chegando na nova morada.
É fim de verão. Muita gente está na rua. Tudo está funcionando normalmente, como se a cidade não tivesse enfrentado sua pior crise pandêmica há um ano.
Ainda no domingo, na primeira volta que demos juntos rumo a picnic festivo de comemoração de seu aniversário com amigos dela no Prospect Park, Joanie estranhou eu estar usando máscara, em tom recriminatório. Ao ar livre praticamente ninguém mais usa. Exceções há.
Desde que você tenha um comprovante (digitalizado em seu celular) de imunizado contra a Covid-19, é admitido em áreas internas de bares, clubs, cafés etc. Alguns que frequento há tempos, como o McSorley’s, sequer me perguntam.
(Na terça, 7/09, enquanto o Brasil via os atos pró-Bolsonaro, depois de perambular sob o sol de 27 graus por duas horas no Harlem anotando placas de Apartments for rent, fui a essa taverna no final da tarde, exausto de sede. Na calçada de entrada uns sujeitos saudaram-me, antes de entrar, oferecendo-me uma caneca cheia do líquido negro frio espumante. “Welcome. It´s free for you!” – saudaram-me. Característico McSorley’s: Você pede uma caneca de cerveja, paga 6 dólares – bebida alcóolica aqui é super-caro -, e o barman no balcão entrega duas. Sempre).
Em Nova York vacinas da Pfizer e Moderna são oferecidas gratuitamente pela prefeitura, em cada esquina, em cada farmácia – e são milhares! Outras marcas continuam suspeitas.
Pelo site de uma dessas farmácias já agendei para 1º de outubro minha primeira dose da Moderna (mais de 90% de cobertura e eficácia, Joan me disse). Enquanto isso, comprovo estar imunizado sacando, quando me pedem, a caderneta em papel rasurado com a imagem de Zé Gotinha”.
Os atendentes disfarçam o risinho irônico quando mostro os selinhos com as datas manuscritas das doses da vacina Coronavac que tomei no 5º Centro de Saúde em Salvador, Bahia, Brasil.
Meu caro Fernando Conceição, como estou feliz pelo seu êxito profissional e pessoal junto ao meio acadêmico em Nova York. Como seria bom sabê-lo um dia convidado pela USP, pela UNICAMP, pela UnB, pelaUFPE, etc. e talvez isso ja tenha acontecido e eu não saiba.
Obrigada por compartilhar momentos tão importantes recheados com com acolhimentos tão generosos por parte dos nova-iorquinos e nova-iorquinas!!! Que Mel e mamãe cheguem logo!
Um abraço, Lourdes Teodoro
Prezado professor Fernando Conceição, parabéns por mais esta conquista. Ser aceito como Research Scholar da Columbia University, uma instituição que durante sua existência teve 84 vencedores do Nobel Prize entre seus professores e alunos, não é pouca coisa. E pensar que no Brasil não temos um sequer !!!!. Estas experiências internacionais, eu também tive duas, uma na Dinamarca e outra na Itália, ampliam, em muito, nosso horizontes. Sucesso em suas pesquisa e que delas resultem papers com alto impacto, cujas referências possam constar de memoriais e outros documentos que venha a elaborar em seus pleitos acadêmicos e político-acadêmicos no Brasil e na Bahia.
DD Companheiro, Professor, Mestre, DOUTOR, em breve Magnífico, Execelcior plantador de alface para nós outros e alfafa para uns. Nesta condição, desejando-lhe Saúde e Sorte, dizer-lhe, que na condição de auxiliar de jardineiro, estarei ha cuidar para que “ervas daninhas mais não cresçam em solo do saber, ceifando as hora existentes, arando caminhos para o vosso plantio ó Magnífico Jardineiro, aguardando vossa semeadura no jardim acadêmico, e desta salada de alface, degustar. Eu falei alface Magnífico Jardineiro, sejas bem vindo!!!