
Corpos de homens chacinados na Vila Moisés, Estrada das Barreiras, pela PM do PT, sob alegação de que planejavam assalto a banco na madrugada de 6.02.2015
PERGUNTAS que devem ser feitas, se o Estado Democrático de Direito aqui vigisse:
- 1) A polícia da Bahia tem autorização para matar, sejam “bandidos”, sejam não-bandidos?
- 2) Essa autorização é respaldada em lei aprovada por quem de direito, isto é, a Assembléia Legislativa?
- 3) Tal lei, se existente, está em acordo com a Constituição do Estado da Bahia? Que, por sua vez, está submetida à Constituição Federal, que não admite pena de morte ou execução sumária seja de quem for, mesmo de “condenados” pela lei, muito menos de acusados de “bandidos”?
- 4) Como agirão agora o Ministério Público (abrir um procedimento para esclarecer as circunstâncias do caso) e a Assembléia Legislativa (é caso de se propor uma Comissão Parlamentar de Inquérito)?
- 5) O que leva jornais, emissoras de televisão e rádio locais a assumirem como verdade – e difundirem como verdade – o conteúdo da versão governamental (leia-se policial) na tragédia que se abateu sobre dezenas de famílias pobres, pretas e, de repente, “bandidas”?
O governador Rui Costa do Partido dos Meliantes, dos Bandidos da Petrobras e do Mensalão, do Instituto Brasil, da compra dos ferry-boats de R$ 56 milhões em um salão de cabeleireiro em Lisboa, isto é, do Partido dos Trabalhadores (PT), acha que os policiais da Rondas Especiais da Polícia Militar da Bahia (Rondesp) que chacinaram 12 ou 13 pessoas, descritas por eles como “bandidos”, na madrugada deste 6 de fevereiro de 2015 na periferia de Salvador, são “homens de bem”. Que “cumprem a lei” ao assassinar “aqueles que escolheram o mundo do crime para enriquecer e fazer maldades, perversidade contra o ser humano” – como se apressou a declarar num auditório repleto de PMs sob cobertura complacente da imprensa baiana.
Disse ele com olhar doentio e autômato, na entrevista sob aplausos fervorosos, em que afirmou não ver motivos para investigar as circunstâncias da ação, na qual nenhum policial foi abatido (um teria sido ferido de raspão e logo liberado):
“É como um artilheiro em frente ao gol, que tem de decidir em alguns segundos como ele tenta botar a bola pra dentro do gol e fazer o gol. Depois que a jogada termina, todos os torcedores da arquibancada, se foi feito o gol, vai bater palma e vai dizer que foi um golaço e vai repetir várias vezes na televisão. Se o gol foi perdido o artilheiro provavelmente vai ser condenado porque se tivesse chutado desse jeito, daquele jeito a bola teria entrado. Só quem tá em campo naquele segundo pra tomar decisão é que sabe a dificuldade de tomar decisão. Se nós tivermos sempre em mente que o que diferencia os homens do bem daqueles que escolheram o mundo do crime para enriquecer e fazer maldades, perversidade contra o ser humano , o que diferencia é o cumprimento da lei”.
Rui Costa, este governador petralha, não possui condições intelectuais, sequer políticas, para ser levado a sério em um debate honesto sobre o tema. É uma espécie de porra-louca, tal qual o energúmeno que é o seu vice, que a maioria dos eleitores baianos levou ao poder por puro sadomasoquismo.
Sua preocupação maior sobre a tragédia não é com as famílias enlutadas, suas eleitoras, mas com o negócio turístico. É de estarrecer o que disse do fato de a chacina em nada prejudicar o “turismo” carnavalesco em Salvador porque, segundo ele (um mentiroso mistificador como todos – eu disse todos – os petistas que conheço), em São Paulo haveria mais assaltos a bancos e que, portanto, os paulistas na Bahia estariam mais seguros. Pela inapropriedade da comparação e da situação. Viver em São Paulo é muito mais seguro que viver na Bahia, vê-se no Mapa da Violência e relatórios da Unesco, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública etc.
Sobre o sangue dos cadáveres pretos e pobres Rui Costa, ainda na entrevista, tripudiou. Indigno e mesquinho, veio a público não para se condoer pela tragédia, não para manifestar dúvida, a mínima que fosse, pela versão dos policiais exterminadores.
Bando de assaltantes de bancos que se reúne no meio de uma baixada em um matagal, de bermudas e sandálias baratas, às 2h da madrugada? Assaltantes de bancos com idades de adolescentes, quando o histórico dessa modalidade de crime mostra um alto grau de planejamento e inteligência dos envolvidos?
Por que os policiais levaram os mortos na cena do evento para o Hospital Roberto Santos, cuja assessoria de imprensa emitiu nota afirmando que 10 aí chegaram já “em óbito”? Para adulterá-la e impedir o trabalho da perícia civil? Na cabecinha do governador nada disso levanta suspeita?
As mães, as tias, as irmãs e irmãos, os amigos dos chacinados – muitos dos quais, porque crentes, provavelmente votaram a seu favor na eleição de outubro – a essa hora, no recôndito de suas vidas, conviverão com a fala arrogante de Rui Costa.
Muito pior é constatar o silêncio e a cumplicidade dos formadores de opinião pública, da militância dita de esquerda (escória do PCdoB, do PT et caterva), dos subalternizados das secretarias estaduais e municipais de “promoção da igualdade”, dos “blocos afros”.
Por que não boicotam simplesmente o Carnaval, já que os mais de 5.000 assassinados anualmente pelo governo petista são afrodescendendentes? Qual a razão da existência da Sepromi, da Seppir, de uma Olívia Santana servirem a esses vampiros?
Nos tempos da ditadura militar encerrada em 1985, no período baiano comandado por Antonio Carlos Magalhães, as coisas eram diferentes. Havia menos mortes dessa categoria e o governante enfrentava a desconfiança, a crítica estridente e ferrenha da oposição que queria derrubá-los. Agora aqueles que antes protestavam estão no poder e justificam o extermínio dos “fora da lei”.
ACM, quando pressionado, concedia, como fez ao dissolver o famigerado GEP (antecessor da Rondesp), na sequência de protestos dos moradores da Boca do Rio contra uma chacina, de menor proporção que esta do PT, ali ocorrida depois do Carnaval de 1982.
Deve-se, assim, temer muito mais a polícia baiana de agora, na democracia, que nos duros tempos da ditadura militar. Porque ali havia revolta social. Hoje, repita-se, há silêncio e cooptação dos setores que poderiam enfrentar a irracionalidade deste governo.
Com pesar constato: a Bahia é uma escravolândia. Assunto que, daqui da Universidade de Coimbra (Portugal), onde estou em pós-doutorado, tem me tirado o sono. Reflexões que devem resultar em livro, a mim solicitado (um capítulo) no recente congresso internacional da Brazilian Studies Association (Brasa) realizado em Londres, ao qual fui convidado a falar.
Precisamos nos unir no mínimo para denunciar e denunciar ……
Que loucura é essa? Remediar as asneiras ditas e feitas por um imbecil petista alegando “saudade” de ACM? Que retrógrado esse posicionamento. Acredito num futuro e temos que melhorá-lo. Querer um déspota como ACM pra Bahia, nunca mais. Saravá meu Pai!
Ato racista do governo petista. Eu certeza que os familiares dos mortos votaram no
no PT.
Parabéns, dileto professor! Foi uma pena eu não ter podido terminar a disciplina com vc. Razões outras me levaram a desistir. Suas reflexões são perfeitas, quisera, nós baianos, que outras vozes se levantassem para ratificarem o pensamento de muitos que se acovardam e aceitam essa e outras situações Sds Conceição Rios
Date: Sat, 7 Feb 2015 13:04:46 +0000 To: mcc.r@hotmail.com
Não corroboro com ações que ceifem a vida de qualquer ser, mas ponderemos: e quando estes mesmos criminosos agem de forma deliberada e matam sem prerrogativa alguma? Vamos rever os inúmeros casos em que mães e pais de família foram vítimas(de bandidos) sem nenhuma misericórdia; mais recentemente, três bandidos tomaram um ônibus de assalto, ameaçando cobrador e motorista e, com o veículo ainda em movimentos ordenou com arma em punho que alguns passageiros saltassem para a morte. Daí pergunto ao autor da matéria: eles precisam de lei para matar? Neste sentido a polícia age igualmente, entretanto, o que mais me surpreende diante de tantas perguntas é: se fosse aprovada uma lei pela ALB/ Estado então poderiam matar? Quer dizer, a crítica só existe pq não há legalidade? Não Gosto dessa polícia truculenta, mas convenhamos, se fosse vc ou sua família? Sou a favor da vida, no entanto, todo criminoso sabe que tem carreira curta.
Lamentável se não fosse um cômico político.
Fui testemunha do fato (fui indiretamente citada no artigo, já que autora da nota enquanto assessora de comunicação do Hospital Roberto Santos). Não quero desmerecer a ação policial, infelizmente vivemos em uma sociedade (e me refiro ao Brasil, em geral) em que se fala tanto no social, mas não se faz o essencialmente necessário, que é construir as bases para um país socialmente justo DE FATO (bolsas não garantem isso), e os problemas eclodem dessa forma, na violência desmedida. Soube que a ação está sendo investigada, e espero que esse acontecimento sirva para muita, mas muita mesmo, reflexão por parte não apenas do Governo, mas de cada um de nós.
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