• [primeiro de série de quatro artigos sobre campanha à Reitoria da UFBA a ser publicada neste espaço nos próximos dias].

Em setembro, algumas semanas depois de regressar a Salvador, Bahia, com minha filha pequena e a mãe dela, ambas negras como eu, após um ano de Nova York, Estados Unidos, vi duas assombrações arrastando-se de mãos dadas na calçada em frente ao Teatro Castro Alves. Na direção ao prédio ali perto da Reitoria da Universidade Federal da Bahia, talvez. Por aquelas semanas tinham sido entronados Paulo Miguez e Penildo Silva Filho, por ato formal do então presidente da República Jair Bolsonaro, reitor e vice-reitor para um mandato de quatro anos até 2026.

Quando terão de novo a oposição deste escrevinhador na disputa pelos cargos – a menos que até lá Deus me chame para ficar a Seu lado, ou coisa ainda pior.

A meus olhos observantes, era um casal já decrépito, Luiz Filgueiras e Graça Druck. Essas duas figuras ridículas, vagabundas, sem ter muito o que fazer da vida deprimente que levam, faz um ano agora resolveram fazer uma vagabundagem tendo por alvo o autor dessas maltraçadas. A vagabundagem – e nunca estiveram sozinhos em suas maledicências, pelo contrário – foi um ataque oportunista e covarde durante o imbróglio para a disputa para a Reitoria no primeiro semestre de 2022.

Os dois e demais áulicos , mentirosos descarados, mentiram a respeito do caráter e das posições políticas deste escrevinhador. Nenhum dos dois, apesar de todos fazermos parte da mesma sinecura que é a universidade pública, jamais conversou patavinas comigo, para saber dos propósitos de minha pretensão de candidatar-me a reitor ou se uso ou não as mesmas drogas que eles. O “comitê central regional” do ensebado Partido Comunista Brasileiro foi outro aparelho da vagabundagem.

Gente doentia, de aparência psicótica, de facções criminosas nomeadas “partidos socialistas”, como os também malsinados professores Antônio Câmara e Jorge Almeida, vulgo “Macarrão” (este, como um verme, agiu pelos subterrâneos). Todos, inclusive o padim João Carlos Salles, da Casa Grande que é o campus UFBA da colina São Lázaro, limítrofe da favela, ou senzala, na qual nasci e me formei – tramaram ativamente para demonizar este que aqui agora manifesta-se.

Por que tal ódio, tal mobilização de energias infernais para ataques pessoais em campanha mesquinha de destruição política deste colega? Inveja da virilidade do sujeito que ousa desafiar o senso comum dessas personagens brochantes? (Estou informado por fonte de dentro que Salles, ainda reitor, não se inclui nessa categoria, pulador de cerca que é ou foi).

Filgueiras, Druck e essa escória acadêmica julgam a si mesmos como “reservas morais” da “universidade pública, gratuita e democrática”, desde que seu status quo não seja desafiado pela dissidência livre de tutela.

Até hoje masturbam marxismo caricato pelo sovaco fedorento. Habitués de assembleias de greves, manifestos e “cartas abertas”, as quais não são tão abertas assim, de ameaças a desafetos. Filgueiras já com a coluna vertebral encurvada, o que o faz arrastar-se como se fosse tombar para frente; Druck, bêbada não apenas pelo sobrenome traduzido do inglês.

Ele, da Faculdade de Economia, cujo prédio situa-se no largo da Piedade. A praça do centro de Salvador que abriga os bustos de quatro negros heróis da Revolta dos Búzios (Inconfidência Baiana) – ali enforcados na luta contra o sistema escravagista da Bahia d´antanho. Adolescente, fui contemporâneo de seu irmão mais novo, jogamos bola juntos, vez que a família Filgueiras morava num apartamento de condomínio classe média e burguesa próximo ao Calabar.

Convivi também profissionalmente com outro seu irmão mais velho, eu como ainda estudante de jornalismo, foca do Correio da Bahia de Antônio Carlos Magalhães da Avenida Paralela. Que o contratou (o irmão Filgueiras) mesmo sabendo ter feito parte de um grupo subversivo da luta armada clandestina que visava trocar a então ditadura militar no Brasil por uma quimérica “ditadura do proletariado” à maneira de Josef Stalin.

O casal Bêbada e Filgueiras fez circular e difundir, pelos meios e agentes a seu dispor, um manifesto cujo intento era não debater ideias, contrapondo as que naquele momento estavam colocadas ao debate. O objetivo da bêbada e do brocha era o massacre moral da única pessoa negra, docente Titular como eles, que em mais de sete décadas de existência da UFBA, por mérito e militância política, encarna as qualificações para chutar os fundilhos deles todos – estelionatários do processo de escolha de reitor há mais de 20 anos!

Era dizer: “Olha como somos bonitinhos e alvos, do bem, o que nos credencia impor a nossa vontade sobre o que queremos seja o mais cômodo na preservação dos nossos interesses de vagabundos universitários travestidos de acadêmicos; enquanto esse negrinho, mesmo estando abrigado hoje na Columbia University, ainda assim é um negrinho, portanto de sangue inferior, escravo, quer cagar em nossas cabeças iluminadas por estrume”.

O casal, cujo andar naquela tarde que vi na calçada em direção ao palácio da Reitoria da UFBA parecia o de hienas ou o de urubus na carniça, como dito não esteve sozinho nessa empreitada para perpetuar no mando da universidade os mesmos de sempre: os cientificamente incompetentes de sempre, embora competentemente amparados por grupos e igrejinhas sindicais, estruturas de oligarquias familiocráticas partidárias e estudantis.

Sua assinatura aposta à Carta Aberta continha o chicote de outras dezenas de vagabundos, da mesma estirpe, que vicejam em gabinetes, antessalas e esgotos do poder. Aquela espécie de cancro denominada por Milton Santos, certa vez, de buroprofessores: por sua insignificância acadêmica mas astúcia rabelesiana.

As usual, um “coletivo” foi improvisado para pregação doutrinária entre os iguais: tudo patifaria!

* * *

Corta para a cena escatológica ocorrida dois anos antes, durante um intitulado “ato em solidariedade” a José Sérgio Gabrielli, titular na mesma faculdade do decrépito casal casado, ex-presidente da vitimada Petrobras no esquema lulopetista – roubo estimado em mais de US$ 6 bilhões -, ato aquele ocorrido na noite de 22 de janeiro de 2020 no salão nobre da referida Reitoria.

Salão cheio, para cuja lotação contribuiu a presença deste escrevinhador. Apesar das divergências de perspectivas e propósitos, no estrito episódio de cassação da aposentadoria, em condenação de processo na Controladoria-Geral da União, Gabrielli merecia nossa solidariedade (duvido se a recíproca seria verdadeira). O ato era presidido não pelo reitor de ocasião, mas pelo então vice-reitor, Paulo Miguez.

Havia um punhado de políticos profissionais de diferentes partidos da esfera de influência lulopetista, parlamentares com mandato, secretários do governo e atual ministro da Casa Civil de Lula, Rui Costa, representantes de centrais e federações sindicais e a batucada do bloco afro Ilê Aiyê, sim, sinhozinho… Inocentes úteis e, mais raro, uma ou outra gente boa certamente ali compareceram.

Lá pelas tantas adentra o salão o senador Jacques Wagner, que há algumas semanas havia sido objeto, em seu apartamento no Corredor da Vitória, de mandado judicial de busca e apreensão pela Polícia Federal. Desdobramento de operação de combate à corrupção e lavagem de dinheiro na Petrobras. Apreenderam-lhe algumas caixas de relógio Rolex, que o debochado e sorridente Wagner depois explicou ser não originais. Seriam réplicas, cópias piratas que trouxe de suas viagens (ex-governador da Bahia, ex-ministro de Defesa e que tais, atual líder de Lula no Senado).

Quisesse Deus não estivessem meus olhos ali para testemunhar a cena deprimente, ridícula. Miguez ao avistar Wagner chegando no meio do salão de gente que o saudava (esqueceram o alvo da solidariedade), abandonou desabaladamente seu lugar na mesa que presidia.

Saltitante entre as cadeiras do auditório, em direção ao senador amante de Rolexs piratas, o reitor em exercício abriu caminho no corredor central. Ao se alcançarem, Wagner mais alto e em posição elevada no salão, recebeu de Miguez um beijo efusivo em uma das faces barbada.

O reitor em exercício esforçando-se na pontinha dos pezinhos para, assim elevado, ter certeza de que seus lábios tocassem a face de quem governa a Bahia, transformando-a numa terra de genocídio da juventude negra.

Miguez foi bem-sucedido na vassalagem a quem realmente manda no cercadinho do agora reitor de fato e de direito, em desonrosa submissão intelectual.

***

No próximo artigo, a chegada da professora Bárbara Carine, do Instituto de Química, à campanha depois do desacordo de ponto de vista com a professora Salete Maria, líder do JusFemina e crítica dos desmandos na UFBA.