• Por Camila Jasmin, especial para o alternativo Província da Bahia
Na versão original do antigo “Bar do Espanha”, em foto de priscas eras, a espoletada Camila Jasmin entre o editor por ela espinafrado e Romenil “Supapoulos”, da Facom

Ter seu artigo vetado por ser “muito sério e politizado”, ninguém merece!! Ele queria o quê? Um texto alienado, é?? E depois, pra completar, ainda me manda escrever sobre mico, no sentido literal mesmo, o bicho mico, figura constante no campus da UFBA de Ondina.

O cara me deixou sem palavras…. trocar meu texto de Collor – ah, quase esqueci de dizer! Ele se queixou que esse tema não era atual, que ninguém mais tá falando disso! Vai ver ele anda meio sem tempo de ler jornais, revistas e tal, porque dia 29 completou-se 10 anos do impeachment do ex-presidente collorido! – por um sobre mico… é muita pagação do tal bichano mesmo!!!

Porém, todavia, contudo, entretanto, papê, caixinha de fósforo, coisa e tal, o lado (maníaco) sexual do tal do editor falou mais alto, o que não é novidade pra ninguém que o conheça, pelo menos, um pouquinho!

De um cara que estampa na capa do jornal fotos de uma mulher em “poses sensuais” só pra se dar bem depois – calma aí! Não vamos ser maldosos! Vai ver ele só tava interessado em conhecê-la mais a fundo… bem fundo! –, não se pode esperar muita coisa além do feijão-com-arroz ou, na linguagem dele, papai-mamãe, mesmo!

E tem gente que ainda reclama dessa bundalização na tv brasileira! Pois tão querendo bundalizar até o Província!!!

Ôh, mas se todo mundo só pensa nisso, quer dizer, naquilo!

Aí o editor ainda me incumbe de falar sobre o mito da virgindade! Mito?? Que mito?? Só se for na época dele que existia isso! Mito, hoje em dia, só se for o da não-virgindade!!!

Com a tão propagada igualdade entre os sexos, a mulherada quer mais é dar! E deixe quem quiser dar, que dê!!

Semana passada, ouvi uns cuecas conversando sobre isso na porta da faculdade, e um deles comentou: “Se você encontrar uma virgem de 18 anos, é porque tem alguma coisa errada com ela!” Pois é, virgem, agora, virou lenda!!!

No século 21, tempos ditos modernos, pode-se dizer que a globalização afetou, também, o hímen!!! Nenhuma calcinha quer deixar de ser “moderninha”, e o que tá em voga, na moda, é sexo!!

E aí??? O que é que tem de errado nisso??? Cada um ou melhor, uma, tem o direito de fazer o que quiser com aquilo que é seu!

Imagine aí a garota passar anos de namorico, outros tantos de noivado pra, só depois de casar, descobrir que seu marido é broxa! Além do mais, Lavrosier já dizia: “Na natureza, nada se perde, tudo se transforma.”

Se é assim, a mulher, então, não tá perdendo a tal virgindade; tá é transformando o adeus do seu hímen em prazer, desejo, fogo, paixão…

Mas, na moral, cá pra nós, eu não sei por que se discute tanto esse assunto! Antigamente, mulher de família não podia transar antes do casamento e se criou todo esse blá blá blá em cima de uma peliculazinha que, afinal de contas, não tem utilidade alguma!

Tem gente que tem o hímen complacente, aí, quando morrer, vão escrever na lápide: “Pobre coitada! Morreu virgem!!” Fala sério!!! Longe de mim querer dar uma – peraê, peraê! Calma! Deixa eu terminar a frase!! – de feminista, mas esse papo de virgindade já nem tem mais sentido!

Só podia vir da cabeça (de cima???) de um editor, que, primeiro, me fala que a filosofia do seu jornal consiste em “meter o pau” em todo mundo e, logo depois, pede pra eu escrever sobre um assunto que, justamente, pede distância do tal “meter o pau”!!!

Mas, também, esse negócio de meter ou não já não é mais comigo! Deixa isso com quem tem os, digamos, equipamentos adequados para o exercício dessa função!

E cada mulher que faça o que bem quiser e entender com a sua vida sexual! Assim, fica cada “mico” no seu galho!

Quanto a Collor… bem, não foi ele quem “introduziu” em todo mundo?! Assim sendo, ninguém mais é virgem! E ponto final!

* * *

Como publisher e editor do alternativo Província da Bahia, tive na equipe de colaboradores a então estudante de jornalismo na Facom/UFBA, Camila Jasmin. De quem encontro por acaso, em meus arquivos digitais, o texto acima, de outubro de 2002!

Uma vez a pautei, sabendo que morava com os pais no edfício Stella Maris, bairro da Graça, mesmo endereço do senador Antônio Carlos, para tentar revelar algum “furo” de reportagem sobre os segredos da família ACM.

Sugeri não uma entrevista, mas que remexesse por uma semana o lixo descartado pelo vizinho poderoso e ilustre. Pelo artigo dela aqui reproduzido você pode aquilatar a reação a essa minha ideia. A qual não era de jerico!

Aquele era o tempo em que ainda existia jornalismo crítico no Brasil, quase anárquico como o artigo de Camila que ora resgato ao público. E aspirantes a jornalistas, como ela, que cursavam Jornalismo com o estilo bem humorado, enquanto com base cultural na linha do livre-pensar.

Isso acabou nos cursos brasileiros, nos quais o referencial paradigmático adestra todos à cartilha do “politicamente correto”. Tudo está nivelado por baixo.

Faltam bom humor e senso de ridículo aos idiotas assalariados das mídias nessa etapa em que todos acham que têm lições de moral a dar, querem ser “curtidos” e ter milhares e milhares de “seguidores”

Por onde agora andará Camila Jasmin, essa moçoila chamada de Camila “Japa” pelos íntimos? Os donos do tradicional restaurante “Moreira”, no centro de Salvador, hoje ameaçado de fechar, emolduraram e colocaram na parede do estabelecimento um texto dela sobre o recinto.

Sarcástica, com ela planejei, a convite de Zé Américo, diretor do Irdeb à época, um programa de discussão semanal para a TV-E/Bahia, tendo-a na bancada juntamente com o impagável André Setaro, cujo nome seria “Zero à Esquerda!”