Aos 75 anos de existência da Universidade Federal da Bahia, submetemos nossos nomes como candidatos a Reitor e a Vice-Reitora para avaliação da Comunidade composta por estudantes, técnicos-administrativos e docentes para o período 2022-2026.
Nenhum processo democrático é verdadeiro se não há alternância de poder.
Tendo sólida formação acadêmica, no Brasil e em países do exterior, como candidatos propomos uma UFBA mais representativa dos anseios de mudança social que a Bahia – Estado que sedia nossa universidade – e o Brasil exigem e anseiam.
Nos recentes anos a sociedade brasileira depara-se com impasses, fáticos e discursivos, que requerem maior inserção da universidade.
Nossa chapa condena firmemente os obscurantismos, o negacionismo da ciência, o desrespeito à vida, os ataques a populações mantidas à margem, os reacionarismos de quaisquer naturezas – partam desse ou daquele espectro.
A universidade não é território do “vale-tudo” do chamado mercado, hoje capturado pela financeirização das relações mais comezinhas, estímulo ao egoísmo, à quebra da solidariedade, ao afrouxamento da generosidade que tanto favorece assédios de vários tipos.
Queremos a universidade um ambiente saudável, transparente, aberta à entrada da luz do sol dos saberes, inclusive o saber popular, que revigore suas energias.
Uma universidade que lute por mais investimento em ciência de ponta, em cultura, na qualificação permanente de seus servidores e estudantes. É exigência do mundo presente.
Para ser referência no mundo, a UFBA deve estar atenta, de forma obsessiva, à melhoria de sua posição no quadro da produção universitária internacional. Com a colaboração de todos – e não se constitui o todo sem o cuidado, a atenção e o respeito que cada um dos seus integrantes é tributário – alcançaremos essa meta. É nosso compromisso.
A universidade deve ter posição objetiva no enfrentamento a retrocessos em direitos políticos e sociais, a ameaças ao Estado Democrático de Direito a duras penas conquistados.
A universidade pública legitima-se perante a sociedade se tem à frente uma gestão colegiada mais democrática, ética, representativa da imagem que a sociedade tem de si mesma. De si mesma e do que espera de uma universidade como a nossa, que não pode achar-se um Olimpo corporativo sem contas a prestar à comunidade a seu redor.
É preciso democratizar a UFBA. Isso requer a alternância de poder em sua gestão. Infundir-lhe sangue novo, novas faces em seu alto comando. Melhor se essas faces têm, como é o nosso caso, história e competência comprovadas por nossas trajetórias acadêmicas e inserção social.
“As ciências podem servir para tudo”, disse uma vez Milton Santos, intelectual do mundo organicamente formado pela UFBA. Inclusive servir para atender a interesses dinásticos, ocultados em palavras de ordem sobre “boas intenções”.
Dinastias que se implantam e buscam perpetuar-se em processos sucessórios nada democráticos, cuja maior credencial é não o mérito, mas a linhagens patrimonialista e consanguínea dos seus próceres.
A UFBA pode ser mais que um púlpito para os “de sempre”.
Os “de sempre” sempre mandaram e desmandaram, sempre estiveram aí nesses 75 anos.
Os “de sempre” sequer cogitam admitir a presença da força feminina em sua composição. Por isso o artigo que denomina os “de sempre” é exclusivamente masculino. Aqui cabe Caetano Veloso: “O macho adulto branco…. sempre no comando”.
Os “de sempre” pensam ter o direito sagrado do continuísmo de mando e não oportunizam a ascensão dos “diferentes”, que explícita ou implicitamente veem como inerentemente subalternos.
1 opinião sobre “Desafiando a UFBA dos que sempre mandaram, eis o Plano de Trabalho protocolado pela Chapa 2”
Anakimdisse:
Admiro muito a instituição Universidade Federal da Bahia. Reconheço sua importância histórica para o desenvolvimento sociocultural da sociedade baiana, especialmente. Mas é preciso reconhecer que já é tempo de haver uma modernização plena. Da forma que está hoje, a UFBA é uma instituição voltada para atender aos interesses das classes médias, porque qualquer pessoa que necessite do trabalho para garantir sua subsistência tem sérias dificuldades para seguir uma trajetória acadêmica dentro da Universidade, cuja dinâmica de funcionamento é completamente alheia às obrigações que o mundo do trabalho exige dos reles mortais.
Uma universidade inclusiva não é aquela que apenas favorece o ingresso de todos, mas que também cria mecanismos de modo a garantir a permanência dos estudantes em seus cursos.
Admiro muito a instituição Universidade Federal da Bahia. Reconheço sua importância histórica para o desenvolvimento sociocultural da sociedade baiana, especialmente. Mas é preciso reconhecer que já é tempo de haver uma modernização plena. Da forma que está hoje, a UFBA é uma instituição voltada para atender aos interesses das classes médias, porque qualquer pessoa que necessite do trabalho para garantir sua subsistência tem sérias dificuldades para seguir uma trajetória acadêmica dentro da Universidade, cuja dinâmica de funcionamento é completamente alheia às obrigações que o mundo do trabalho exige dos reles mortais.
Uma universidade inclusiva não é aquela que apenas favorece o ingresso de todos, mas que também cria mecanismos de modo a garantir a permanência dos estudantes em seus cursos.