5.000 exemplares de livros impressos com encarte de DVD do making off em vídeo da pesquisa que resultou na escrita da biografia autorizada do geógrafo brasileiro Milton Santos (1926-2001), estão mofando em um depósito da Petrobras em Duque de Caxias (RJ) desde abril de 2016, quando foram oficialmente entregues por este autor.

A Petrobras patrocinou com R$ 500 mil a finalização da pesquisa, produção e publicação de Milton Santos, uma biografia, lançada em dezembro de 2015. Veja um sample clicando aqui.

É possível que estejam retidas nos depósitos da Petrobras obras diversas de centenas de outros contemplados em todo o país com patrocínio milionário da empresa até dezembro de 2015. Naquele mês teve início o processo de impeachment da então presidente Dilma Rousseff, que antes havia presidido o Conselho dirigente da estatal.

Pelo contrato de patrocínio a empresa, por décadas a mais potente patrocinadora de artistas e produtores do campo cultural em todo o Brasil, reteve toda a primeira edição da biografia de Milton Santos.

Caberia a ela a distribuição exclusiva dos 5.000 exemplares em todo o território nacional, o que não aconteceu até este novembro de 2020.

Comunicado do Grupo de Pesquisa Permanecer Milton Santos informando o patrocínio

Significa que milhões de reai$ gastos no patrocínio de artistas e produtores estão sendo desperdiçados, indo pelo ralo.

“Luxo” a que somente uma empresa da importância econômica como essa estatal de petróleo, gás e combustíveis pode se dar.

Em prejuízo do contribuinte. Para não dizer dos criadores e da sociedade em geral. Que deixa de ter acesso para avaliar a qualidade ou não dos bens culturais patrocinados.

No caso da biografia de Milton Santos, vencedor do “Nobel da Geografia” (Prêmio Vautrin Lud, 1994), o contrato de patrocínio teve início em fevereiro de 2012 e, após aprovação da prestação de contas, encerrado em meados de 2017.

Em razão de a Petrobras ter estado no centro das investigações da Operação Lava Jato, depois do afastamento de Dilma e a assunção de Michel Temer em agosto de 2016, toda a direção da empresa foi mudada.

A comunicação e o processo de relacionamento entre o setor de patrocínio da estatal e os patrocinados – antes feitos diretamente com funcionário designado na sede da empresa no centro do Rio de Janeiro – foram cortados.

Insistentes tentativas de resolução do problema feitas por este autor da biografia de 2016 até agora resultam inúteis.

Mensagens de e-mails deixaram de ser respondidas ou retornam com alerta de “erro” de recepção.

Os números telefônicos pelos quais mantinham-se tratativas não mais funcionam.

Quando as ligações se completam, caem numa central tipo telemarketing terceirizado. O ou a atendente diz nada saber informar de concreto.