Jornalistas e jornais são como hienas e ovos fritos. Tendem, por natureza, ser arrogantes.

Do estrato social de onde venho, jornais e jornalistas se arrogam juízes e lei.

Hans River do Rio Nascimento, o belo, depõe na CPMI das Fake News

Condenam por antecipação vítimas e algozes. Naquilo que tecnicamente se chama “jornalismo sensacionalista”. Espreme e sai sangue.

A Montanha dos Sete Abutres, Billy Wilder, 1951. O Jornalista e o Assassino, Janet Malcolm, 1990. Escola Base, 1994. Paremos por aqui.

Nos dias correntes, os mesmos de Jair Bolsonaro, vade retro Satana!, na Presidência da República, o consumidor de jornais no Brasil é induzido a acreditar ser o jornal Folha de S. Paulo a última bolacha do pacote de biscoitos recheados da Nestlé.

Folha, a detentora do monopólio da Verdade.

No episódio da jornalista Patrícia Campos Mello e sua fonte de reportagens, Hans River do Rio Nascimento, o jornal paulistano tenta eliminar quaisquer vestígios de contraditório.

Jornal não é a Bíblia sagrada. Talmud. Alcorão. Fracassada a Revolução Soviética, mesmo o Pravda desceu do salto alto.

Com base no material publicado em edições da Folha no período do segundo turno e depois das eleições presidenciais de 2018, embora não apenas nisso, órgãos e instâncias de controle institucional instalaram investigações.

Objetivam as investigações apurar se fake news teriam, como afirmam as matérias assinadas por Patrícia Campos Mello, favorecido a vitória de Jair Bolsonaro sobre seu opositor, Fernando Haddad.

As investigações do Ministério Público foram instauradas na sequência mesmo do resultado eleitoral, antes da posse a 1º de janeiro de 2019.

Em setembro de 2019 Câmara dos Deputados e Senado Federal instalaram uma CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) das Fake News.

Finalidade da CPMI, presidida pelo senador da Bahia, Angelo Coronel, e relatada pela deputada federal da Bahia, Lídice da Mata, ambos de partidos apoiadores do candidato derrotado: “Investigar, no prazo de 180 dias, os ataques cibernéticos que atentam contra a democracia e o debate público” etc.

A 11 de fevereiro deste 2020 Hans River do Rio Nascimento foi obrigado a comparecer à CPMI em Brasília para testemunhar.

Hans River Nascimento foi funcionário da Yacows, uma das empresas de tecnologia utilizadas para disparos em massa de propaganda eleitoral por ferramentas como o WhatsApp.

Durante as quase quatro horas em que respondeu questões formuladas por deputados e senadores, Hans River causou espécie ao falar como se deu sua aproximação com a jornalista da Folha.

Na versão da testemunha, Patrícia Campos Mello teria se utilizado de ardis para extrair da fonte as informações necessárias à produção de suas matérias.

Tese central das matérias da Folha, por ela assinadas: A vitória de Bolsonaro nas urnas foi obtida de forma ilegal.

Posto que empresas privadas compraram serviços de mensagens em massa para vitaminar o candidato – conduta expressamente proibida pela legislação eleitoral brasileira -, o mandato de Bolsonaro pode ser questionado, cassado.

Hans River afirmou, ante um auditório perplexo, que a Yacows, excetuando a de Jair Bolsonaro, trabalhou para diversas candidaturas.

Isso inclui, disse ele, a do parlamentar que requereu sua convocação como testemunha: o deputado federal Rui Falcão.

Falcão, ex-presidente nacional do Partido dos Trabalhadores de Haddad, na audiência somente faltou esganar a testemunha. Chamado de “você”, por Hans River, bradou, dedo em riste: “Me chame de senhor!”.

Rui Falcão, “gente nossa”

Um escravista não performaria melhor diante um “favelado”, pensaram ser, como erroneamente se viu, que ali testemunhava.

Em determinado momento o convocado quis relatar a desgraceira em que sua vida foi transformada depois de a jornalista dele se aproximar e dar o furo de reportagem, para o qual serviu como fonte.

Por sua versão, Patrícia Campos Mello teve a iniciativa de lhe telefonar – e Hans River enfatizava sempre: não sabe como a repórter obteve seu número de telefone.

Diz a testemunha ter sido inicialmente por ela procurado para falar do processo trabalhista que moveu contra a Yacows. A jornalista parecia-lhe conhecer o referido processo melhor que ele, registrou.

As tratativas entre repórter e fonte teriam evoluído. Não apenas em contatos telefônicos. Se encontraram pessoalmente.

Uma vez na redação da Folha. Noutra ocasião ela teria ido até a casa de Hans River, segundo ele de forma imprópria.

Naquele momento, afirmou a testemunha à CPMI, Patrícia Campos Mello teria se insinuado sexualmente à fonte. Que rechaçou tal possibilidade, proibindo-a de adentrar sua casa.

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Pelo exposto, Hans River foi imediatamente denunciado por falso testemunho pela relatora da CPMI, Lídice da Mata, junto à Procuradoria Geral da República.

Já Patrícia Campos Mello foi imediatamente blindada por amplos setores que se apresentam na esfera pública com duas agendas.

Defensores da “liberdade de imprensa” – à frente a impoluta Folha de S. Paulo -; defensores “das mulheres” (não quaisquer umas, vide Regina Duarte).

Uns asseveram, aos berros, que o desempregado, o diabético, o lascado Hans River do Rio Nascimento é um filho da mãe MENTIROSO! (em negrito e garrafais).

Por ser homem, outros veem machismo, patriarcalismo e misoginia nas afirmações de Hans River.

O corporativismo e o preconceito contra o macho, ainda mais se esse macho é um negro charmoso e de boas falas, são artifícios utilitários para a ocasião.

Forma-se uma frente ampla, geral e irrestrita de fuzilamento da reputação do sujeito.

Em sociedades nas quais o negro, homem e mulher, são objetos de desejo carnal reprimido, as taras já descritas por Gilberto Freire (1900-1987) permanecem tabu sádico. Sadomasoquista.

Deflagrou-se, como poucas vezes registra-se na história da imprensa pátria, uma campanha monumental de destruição da fonte – agora, somente agora. Um desclassificado suspeitoso como homens negros soi no Brasil.

A Hans River do Rio Nascimento não é garantido sequer o benefício da dúvida.

Vamos eliminar as evidências apresentadas em seus depoimentos ao MP e à CPMI. Ao custo da presunção de inocência que a lei lhe assegura, ainda que sob juramento de dizer a verdade.

Otavio Frias Filho, diretor de Redação da Folha, morto em agosto de 2018, a tempo de não testemunhar os descaminhos do jornal que transformou em referência

Patrícia Campos Mello, bem nascida como as pessoas brancas no Brasil soi, teria dado de presente à fonte um exemplar autografado de livro de sua verve.

Tudo muito higiênico, cândido, inocente. Há uma dedicatória por ela escrita a Hans River? Qual o conteúdo?

Em troca de mensagens de WhatsApp entre ambos a jornalista propõe uma troca de interesses: se ele a ajudasse ela o ajudaria. Em que? Em quais termos?

Sobre esses tópicos até o presente nada diz a reação editorializada editada pela Folha e pela jornalista. Essa teria gravado suas conversas com Hans – ainda que sem a ciência da fonte – e a gravação serve como ameaça ao rapaz.

A convocação da jornalista para depor como testemunha à CPMI, ou mesmo uma acareação entre repórter e fonte, parece o caminho mais óbvio em busca dos fatos verdadeiros. Que a Folha a estimule.

Vislumbraremos então o grau de intimidade entre a bela e a fera.

  • SOBRE CARNAVAL 2020
Tarsilla Alvarindo: será que a prejudico?

Patética a cobertura das TVs da Bahia sobre “a maior festa popular do planeta”, ou da galáxia, como se descreve o Carnaval de Salvador.

Subserviente, indigente. O jornalismo acabou! E nada comunicaram às escolas e faculdades “de Comunicação”.

Única exceção: Tarsilla Alvarindo (TV Record local).

É duro torcer, nem sei se ao fazer a prejudico.

Que Tarsilla não se corrompa, não se deixe seduzir pela farsa das Ivetes Sangalos et caterva. Não ceda a insubstâncias de bonequinhas perfumadas da Globo, Bandeirantes e SBT locais.

Não siga a via melancólica de Wanda Chase, Osmar Martins, “Tia Má” e assemelhados…