
Aninha Franco, quando lhe transmiti a ideia, não titubeou. Sim, vamos organizar um movimento visando questionar a homenagem ao ator da Rede Globo José de Abreu, programada pela Assembleia Legislativa da Bahia para maio deste 2020.

Imediatamente a mais profícua dramaturga baiana em atividade organizou uma das suas já famosas e exclusivas experiências gastronômicas. Convidou diferentes comensais, para tratar do assunto.
Aninha Franco na Bahia é a feminista viva mais intransigente em sua plataforma de insubmissão aos governismos de quaisquer matizes político-partidária.
Paga um preço, inclusive adoecendo, por sua autonomia intelectual. Principalmente depois que o Partido dos Trabalhadores chegou ao poder em 2006 e não mais largou o osso, tentando demonizá-la.
Ninguém da Bahia que conheço é mais feminista que Aninha Franco, dileta amiga.
Sem ser devedora de nenhum senhor, como tantas pseudofeministas que aqui vicejam. Tendo patrão ou idólatra por trás.
Lembra-se de Lula, convocando as “do grelo (clitóris) duro” irem às ruas em seu socorro contra a Lava Jato? E não é que foram, orgulhosas em seu servilismo calhorda?
Nenhuma leu A Função do Orgasmo, de William Reich. Nos dias correntes a defesa do prazer foi pervertido por essa gente, transformado em “ideologia patriarcal” se não hedonista.
Terça-feira, 11 de fevereiro, lá estávamos na cozinha da #RepúblicA af, espaço de reflexões e criações artísticas pertencente a Aninha Franco, no bairro do Maciel-Pelourinho, centro histórico de Salvador.

Pudemos falar assuntos variados. O mais importante: Como desagravar a atriz Regina Duarte dos achaques sexistas do apoplético José de Abreu.
“Um escroque” – na definição de uma das comensais que bem o conhece, ele que foi namorado do revolucionário escritor Caio Fernando Abreu.
Então esboçou-se uma agenda de atividades emergenciais.
Regina Duarte – a atriz que tantas glorias representa para a teledramaturgia e para o teatro brasileiros – será convidada por Aninha Franco a vir à República AF dentro das próximas semanas, para ser homenageada em iniciativa autônoma.
Como partiu da bancada do PT, do qual Zé de Abreu é ventríloquo de baixo nível, a iniciativa de conceder-lhe a “Comenda 2 de Julho” – maior honraria do Poder Legislativo estadual -, tarefa deste escrevinhador é tentar estabelecer um diálogo com a mesma.
Deflagramos, a partir da República Af, um movimento cívico que busca demonstrar aos deputados estaduais o equívoco de a Bahia homenagear um agressor tresloucada da dignidade feminina, José de Abreu.
Faltam as condições de conveniência, impessoalidade e moralidade para que a Assembleia Legislativa entregue àquele sujeito, em nome do povo baiano – que a mantém -, sua honraria mais importante.
Contato solicitando uma reunião com o líder da bancada do PT na Assembleia, deputado Marcelino Galo, já foi solicitada por este escrevinhador, em nome da “Comissão Regina Duarte” anti-machista Zé de Abreu.
FEMINISMO ZEBRINO
A Comenda, que lembra o 2 de Julho, data histórica na qual consolidou-se a independência do Brasil na Bahia em 1823, foi estabelecida em 1999.
Seu artigo 1º define como critério serem os homenageados “pessoas que contribuam ou tenham contribuído para o desenvolvimento político e adminstrativo do Estado da Bahia e do Brasil“.
Alguém aí saberia dizer se o ator da Rede Globo José de Abreu atende esse critério basilar definido já no primeiro artigo da Resolução que formaliza a homenagem?
Somente mentalidades doentias, não exclusivas do macho mas também de mulheres que se apresentam no espaço público como “feministas”, considerariam parte da sociabilidade as agressões e bizarrices de um homem contra uma mulher, desde que o homem em questão seja anti-bolsonarista.

Simplesmente por a mulher agredida aceitar servir ao presidente da República, considerado belzebu pelas “esquerdas” que mandaram no país ao menos nos últimos vinte anos.
Feministas zebrinas (apoiadores de Zé de Abreu), que se consideram missionárias das boas causas em defesa da integridade moral, física e política das mulheres, comportam-se como caolhas. Para dizer de forma amena.
É um total distrato daquilo que há mais de um século mulheres anônimas e comuns, assim como notáveis a exemplo de Simone de Beauvoir, Chiquinha Gonzaga, Dercy Gonçalves, Camille Paglia, Luiza Bairros, bel hooks, Chimamanda Adiche, Aninha Franco e Adriana Ferreira Costa (minha mãe), lutaram tanto para conquistar.
Mulheres são mulheres em todo e qualquer lugar. Ponto!
Independentemente de sua posição partidária e ideológica. Nesse aspecto são estratificadamente similares a negros diaspóricos.
Não que sejam, por sua condição e natureza, necessariamente vítimas. Por vezes negros e mulheres são algozes de si mesmos, ainda que posem teatralmente de coitadinhos para humilhar e tirar vantagens de outrem.
Triste assistir mulheres apoiar Zé de Abreu na campanha de desumanização de Regina Duarte.
– “A vagina não torna uma fascista um ser humano”, vituperou o energúmeno, com aplausos de socioesquerdopatas tal Marcia Tiburi e outras menos cotadas.
Fosse um eu, avesso a Jair Bolsonaro, ou um dos seus apoiadores a cometer delito de tal ordem.
A essa altura seria um filho da puta execrado e por elas exposto no pelourinho de suas hipocrisias.
Seria chutado até pela mulher dentro da casa que ajudo a manter. Eu, tantas vezes feminista mais que elas.
Pingback: A bela e a fera | fernandoconceicao