SEM POSSIBILIDADE de pensar em semantemas próprios, livre do cabresto mental dos que identificam como seu senhor, aquilo que para efeito simbólico é denominado Movimento Negro de há muito perdeu o bonde da história.
Regozija-se com a tutela de outrem. Seja da direita escrota, seja da esquerda hipócrita.
Nove e meia de dez entidades, coletivos, organizações não-governamentais em qual esfera de atuação for, são parte da reserva do exército estridente que execra a Lava Jato. Bolsonaro parece que agora também.
Consideram “farsa das elites” a maior operação de combate à corrupção sistêmica do Estado brasileiro.
- [Assista o novo comentário no canal www.youtube.com/ZeDeNoca, a partir da defesa que este escrevinhador faz da Lava Jato e da trama em andamento para anulação das sentenças dos corruptos condenados pelo juiz Sérgio Moro]
Entristecidas figuras que se apresentam como “representantes” da mais cara causa social no país- a causa negra -, replicam, tal bonecos de ventríloquos, todas as cartilhas, palavras de ordem do ideário dos que tomam por ídolos.
Algumas dessas figuras já dobradas pelo peso da idade e as consequências disso na saúde física e mental. Ainda mais quando o saldo bancário desfavorece voos como os dos seus líderes.
Há também gente que se acha socialista, não tão carcomida, como Djamila Ribeiro, repetindo antigos chavões a partir do mesmo “lugar de fala”. É toda uma malta sequestrada pela insuficiência teórica e desconhecimento da realidade prática.
Socialmente o país pega fogo. Reformas estruturais do Estado, de cima a baixo, ameaçam direitos e privilégios.
Entre os setores que tentam influenciar o debate político há de tudo. Menos o povo faceiro orgulhoso de “africanidades”. No caso brasileiro, tal orgulho não vale para nada.
Africanidades valem, sim. Para o acréscimo das estatísticas da miséria.
Das violências letais e não letais. Da indigência que se naturaliza nos grandes centros das metrópoles brasileiras. Da subserviência vil, dos abusos físicos e psíquicos, das solidões que atingem os portadores de pele negra.
Desde 2015, viabilizado o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, figuras que se apresentam por movimento negro em verdades são frágeis autômatos.
Aos quais agentes e meios detentores de micropoderes em espaços de opinião social, palcos artísticos e antros acadêmicos, permitem-lhes uma canja. Desde que, bem entendido, rezem pela mesma cartilha pseudo progressista de raça, classe, gênero, PT et. caterva.

Dez meses do governo direitista presidido por Jair Bolsonaro, articulado com a presidências dos demais poderes – Rodrigo Maia na Câmara dos Deputados, Davi Alcolumbre no Senado, Dias Toffoli-Gilmar Mendes na Suprema Corte (STF) -, ao faltar exatamente um ano até as eleições municipais de 2020, o Movimento Negro brasileiro é uma constrangedora piada.
Seus próceres, a exemplo da turma de gêneros LGBTQI+ e da outra turma que uma vez Lula denominou de “feminismo do grelo duro”, estão todos domados.
Ninguém é correria. Tampouco do mercado informal, se tanto.
Tal são os milhões que aqueles (e aquelas…), em seus gabinetes, assessorias e bolsas da chamada “colaboração internacional” candidamente, para os trouxas, dizem representar. Sem um voto sequer.
Quem pode levar a sério gente desse quilate? Se os que lhes pagam, migalhas, não levam, Bolsonaro vai levar?
Bolsonaro sempre execrou a Lava Jato, porém de modo velado e, com isso, conseguiu angariar alguns votos que o ajudaram a se eleger. Já viu quem tem rabo preso manifestar sincero apoio à investigação criminal?
O problema não é a Lava Jato, mas os métodos heterodoxos adotados por força-tarefa e juiz (embora já se saiba que eram a mesma coisa) responsáveis pela condução da operação. Não se pode admitir que alguns “agentes da lei” tenham a prerrogativa de infringir o devido processo legal em nome da finalidade maior de alcançar a “justiça”.
Que se julgue, puna-se, mas tudo em respeito às leis vigentes no país. Fazer esse tipo de concessão a uma força-tarefa com pretensões messiânicas é arriscado demais para todos, porque isso pode vir a transformar a Justiça em um mecanismo persecutório contra os “inimigos”. Os poderosos ainda conseguem se defender. Recorrem, postergam, adiam… Mas e o “resto”, como fica?
Enquanto isso for usado para achacar os ricos e poderosos, aplausos! O problema é quando esse método se generaliza e passa a ser aplicado ao cidadão comum. Esse é o perigo do precedente, principalmente, quando se trata de uma justiça tão pouco confiável em uma sociedade tão desigual como a brasileira.
Haja vista que, a própria força-tarefa selecionou quais agentes políticos deveriam ser investigados. O atual ministro da Justiça, por exemplo, justificou o caixa dois do atual ministro da Casa Civil, seu colega de governo, dizendo que ele já havia pedido desculpas pelo ocorrido. Como assim??!!
Quanto às reformas estruturais que “ameaçam direitos e privilégios” resta a dúvida: privilégios de quem? Direitos de quem? Seriam essas reformas a da Previdência ou o famigerado Projeto de Lei Anticrime que traz o tal “excludente de ilicitude”, o mais novo pesadelo das favelas? É sempre bom ter em mente qual é a carne mais barata do mercado.
Não se trata de sair em defesa de agremiações políticas. Nem o tão aclamado partido das “causas sociais”, o PT, concede espaço a legítimos representantes da negritude e do enfrentamento ao racismo brasileiro, porque não tem isso como questão prioritária. Aos negros resta o ostracismo, quando não cooptados como meros fantoches por alguma legenda com interesses eleitoreiros.