BRASIL, oitava maior economia do planeta, e os 210 milhões de brasileiros estamos lascados: entre a cruz e a espada.

Hamilton Mourão, vice de Jair Bolsonaro

Se confirmada a vitória do capitão Jair Bolsonaro (46% dos votos a 7/10) no segundo turno das eleições a 28/10, elegemos por vice-presidente o general de Exército Hamilton Mourão, de linha intervencionista.

Do contrário a burguesinha, burguesinha, burguesinha, burguesinha, burguesinha… só no filé, Manuela D´Ávila, virá junto se o eleito for Fernando Haddad (28% dos votos de primeiro turno).

Ambos tóxicos. Um tem substância de mais; outra, de menos.

Se já aconteceu antes é sensato conjecturar, antes que seja tarde, depois da soberana decisão do voto.

O titular perde o posto para o vice. Por impedimento, por renúncia, por suicídio.  Michel Temer (MDB) governa desde 2016 depois do impeachment de Dilma Rousseff (PT). Que acaba de sofrer vergonhosa derrota, ficando em quarto lugar para as duas vagas ao Senado por Minas Gerais.

Manuela D´Ávila, vice de Fernando Haddad

Mourão, 65, mestiço, filho de também general, do Amazonas, está na reserva desde o final de 2017. Na sequência de uma série de pronunciamentos públicos no mínimo contrários ao decoro das Forças Armadas.

Tem honrosa e condecorada folha de serviços em postos de comando do Exército, prestados no Brasil, inclusive selva amazônica, e em países como Angola e Venezuela.

Em maio deste ano foi eleito, por aclamação, presidente do Clube Militar, sob a bandeira de maior ativismo da agremiação na esfera política nacional.

Em agosto atendeu, na undécima hora, o convite de Bolsonaro para juntar-se à chapa do capitão na disputa à Presidência da República.

Continuou com suas declarações tomadas como bizarras aos ouvidos “civilizados” nacionais. Mesmo Bolsonaro já o desautorizou reiteradamente, em público.

Um exemplo: se o ano tem 12 meses, por que o trabalhador brasileiro deve receber 13 salários?

Disse o general em entrevista a jornalistas neste setembro: as Forças Armadas, em tese, podem ser chamadas a “ajudar” o Presidente da República num autogolpe.

Isso se daria para garantir a governabilidade, havendo resistência do Congresso Nacional em aprovar medidas que o governo entenda como “necessárias” ao “bem do país”.

O capitão Bolsonaro e o general Mourão em campanha

Não importa ao general se rasgando a Constituição. A mesma que está a permitir a ele e a Bolsonaro conquistarem o poder pelo voto do soberano – o eleitor.

Este soberano sinaliza querer mudança. Nas urnas a 7 de outubro mandou para casa tradicionais caciques e partidos políticos. Derrotou os grandes: PSDB e PT foram os mais atingidos.

O mesmo soberano, o povo brasileiro, por recentes pesquisas deixa claro apoio majoritário à democracia (70%).

Manuela D´Ávila, 37 anos, nunca precisou pegar pesado no batente. Do movimento estudantil, tem diploma de jornalista.

Filha de desembargadora com professor universitário do Rio Grande do Sul, branca de classe acima da média, faz 17 anos é membro do Partido Comunista do Brasil (PCdoB).

Para os padrões político-sociais brasileiros, faz parte dos grupos de prestígio (Weber). Desfruta os privilégios, as benesses e o reconhecimento social inerentes ao estamento no qual, por nascença, está inserida sem romper.

Vereadora de Porto Alegre desde tenra idade, tem já uma carreira política bem-sucedida.

Atualmente é deputada estadual. Foi deputada federal, disputou com relativo êxito a prefeitura da capital gaúcha e tem estofo para, quiçá, ser eleita governadora em seu Estado.

Manuela D´Ávila com o “poste” de Lula, Fernando Haddad

Que mal lhe vem – se se mede sua ascensão meteórica nos quadros do PCdoB que não se vê, por comparação próxima na Bahia, à “negona” Olívia Santana?

Olívia, quase quatro décadas militante do partido “comunista” no nome, fora sempre preterida em ambições maiores.

Ou talvez, negros de esquerda ou direita sequer acalentem ambições maiores, dada a realidade do clube ao qual devotam canina fidelidade.

Sempre em segundo ou terceiro planos nas estratégias eleitorais determinadas pelos comandantes da minúscula, embora barulhenta, agremiação, Olívia felizmente está eleita agora deputada estadual até 2022.

As teses do partido, abraçadas por “bem-nascidas” como Manuela, permanecem teses tão ou mais bizarras, para os dias atuais, quanto às de Mourão.

Ainda que de matiz reversa.

Como o dever de considerar modelos alternativos à democracia liberal, ao capitalismo de mercado, projetos políticos proto-fascistas, stalinistas e ditatoriais.

Minha amiga Olívia Santana

“Lula livre” e o esvaziamento da Operação Lava-Jato é o que desejam, se a chapa for eleita no segundo turno.

Mais: “controle social da mídia”, fim da obrigatoriedade dos partidos políticos prestarem contas ao judiciário do fundo público partidário, aparelhamento das instituições republicanas, como a Justiça.

A “experiente” e experimentada Manuela D´Ávila à testa da Presidência do Brasil se Haddad ganhar e for afastado, continuaria idolatrando a dinastia Castro em Cuba?

O bolivarianismo de Hugo Chavez-Maduro na Venezuela? O maravilhoso regime prisional de Kim Jong-un em North Korea? (Aqui ela dá as mãos a Donald Trump).

Desde que a Nomenklatura da cúpula PCdobista e aliados tenha assegurada sua zona de conforto, é plausível cogitar sobre a natureza de tal ideário

Resta incógnito quanto a Constituição da República resistirá, a partir de janeiro do ano que vem, a um ou a outra.