O BRASIL VAI ACABAR amanhã. Ou retroceder ao fascismo ou ao período escravista pré 1888, ainda sob a monarquia de Dom Pedro II extinta em 1889 com o golpe militar que empurrou a República goela abaixo da sociedade.

É o fim do mundo o que ocorre no país, diz a narrativa de determinados atores políticos, como se porta-vozes da santidade.

O Congresso Nacional, a Presidência da República, o Poder Judiciário, a Rede Globo, “as elites”: todos estão mancomunados num golpe para prejudicar o “povo”.

Povo, essa abstração que se presta como bandeira de manipulações de todos os espectros – da extrema direita à extrema esquerda.

Povo, aliás, que não está nem aí nem vai chegando. A não ser para torcer pelo  time do coração, seu bloco ou escola de samba.

Zé-ninguém sabe, por percepção instintiva ou por experiência própria de origem, que nunca importou muito.

Os que falam em seu nome fazem por demagogia e populismo, oportunistas da classe média branca, burgueses institucionalmente protegidos e encastelados.

Sua luta pela sobrevivência no dia-a-dia é dura demais para se dar ao luxo de envolver-se diretamente com as disputas dos grupos e elites que competem pelos nacos, maiores ou menores, do grande latifúndio que é o Estado fundado aqui pelos portugueses.

Rotina de presidiários “comuns” nas cadeias do país, que não gera nenhuma comoção de partidos ou intelectuais “do bem”

DESDE QUE um determinado projeto político dito de “esquerda”  foi apeado do poder por outras forças políticas, com o impeachment da enfraquecida Dilma Rousseff etc., não há um dia que não seja pior que o outro nessa periferia do capitalismo global.

A produção do discurso do caos é, hoje, amplamente abraçada por amplos setores das mídias tradicionais e ativistas nas diversas redes sociais.

Redes sociais, repita-se, esse pote no fim do arco-íris yankee o qual todos, sem distinção, cultuamos e rendemos sacrifícios no altar da idiotice humana.

A direita e o centro também se beneficiam da narrativa, já que instila o medo. Que rende dividendos eleitorais.

São questionáveis as teses gestadas, evidentemente a partir de centros de comando, por tal narrativa – que é interesseira e interessada na difusão de meias-verdades.

Quando os mandatários do país cuidaram com seriedade da maioria excluída? Cuidar enquanto projeto de nação, cuidar de fato e sem o paternalismo católico-cristão da esmola caridosa que gera a eterna dependência?

Nunquinha! O país de hoje, para amplas camadas da população que se vira como pode, não está pior nem melhor que ontem, tampouco ficará como resultado das eleições gerais deste 2018.

O Brasil estaria regredindo a tempos descritos como “sombrios”, tal foram os da última ditadura militar (1964-1985), enterrada com a Constituição que completa trinta anos de promulgada daqui a dois, três meses.

Registro de festa do bloco Olodum para a Fifa World Cup 2018 com o povão de torcida pela seleção brasileira de futebol

Por que? Porque pela primeira vez na história, a partir da Ação Penal 470 (Mensalão), graças ao exemplar trabalho de Joaquim Barbosa no Supremo Tribunal Federal (STF), a justiça brasileira rompeu o pacto de leniência historicamente mantido com setores ricos, poderosos e influentes.

Depois veio a chamada Operação Lava-Jato, reveladora do pantagruélico esquema de corrupção jamais visto em parte alguma do planeta.

Tal esquema, se vem de antanho, foi aperfeiçoado e institucionalizado como um projeto de poder do Partido dos Trabalhadores e seus aliados.

Mostram as investigações que resultaram em provas juntadas por agentes pagos por todos nós, membros da força-tarefa montada por funcionários públicos concursados da Polícia Federal, do Ministério Público Federal e da Receita Federal.

Provas juntadas e apresentadas à Justiça demonstram que a corrupção conviveu às largas no centro do poder político nacional. Envolvendo as principais siglas partidárias com representação no Senado e na Câmara dos Deputados.

Empresários do mais alto calibre – empreiteiras, bancos, industriários diversos – bancaram o esquema, aliados a quem foi eleito pelo voto popular justamente para enfrentar esse cancro que reduz o país a objeto de piada internacional.

Ora, havia um partido, o PT, à frente do governo federal por 13 anos consecutivos desde 2003.

Esse partido tem uma cabeça, um líder sagaz, respeitadíssimo mesmo por  adversários – fora ou dentro da sigla que criou.

No longo período de 13 anos no poder, o PT fez alguma reforma estrutural que propiciasse o desmantelamento das esferas que acusa como adversárias do “povo”?

Contrariou os monopólios empresariais, as empreiteiras, os meios de comunicação, a Rede Globo, dos coronéis e oligarcas da política – adversários com os quais não teve peja em aliar-se em nome da “governabilidade”?

Tempo para fazer as “reformas” todas Lula e seus aliados tiveram. O que hoje o Brasil colhe é fruto de suas opções.

Se as taxas de homicídios somente crescem desde então e se agora 43% da juventude gostaria de emigrar para os Estados Unidos da América ou para Europa a responsabilidade é do Saci Pererê?

Luiz Inácio Lula da Silva é o nome desse descalabro.

Não à-toa é o pré-candidato mais rejeitado nas intenções de voto do eleitorado, superando mesmo o asqueroso ultradireitista Jair Bolsonaro.

Por ter cometido atos tipificados como crime pela legislação, nem ele nem ninguém está acima da Lei.

Sendo-lhe assegurado, como tem sido, amplo direito de defesa e do contraditório àquelas provas juntadas.

As provas sustentam que cometeu crime comum, previsto no código penal do país. Sua bem qualificada equipe de advogados de defesa não consegue desconstruir as provas.

Em sã consciência, a maioria da sociedade brasileira gostaria que o fizesse, torceu por ele.

Favreto tira self ao lado do líder. Hoje desembargador, tentou atabalhoadamente tirar o condenado Lula da cadeia esta semana

Preso por condenação confirmada por colegiado e nos Tribunais Superiores, ainda que se diga candidato à Presidência do Brasil nas eleições de outubro, a legislação fruto da mobilização popular à época contra a corrupção – Lei da Ficha Limpa – torna inelegível qualquer um em tal condição.

Ok, para Lula a lei não vale, vez ser um deus – acredita gente da laia do desembargador Rogério Favreto.

Como tal, em função dele as elites do poder – crêem os petistas – podem simplesmente dobrar-se aos caprichos de nosso líder e revogar a lei.

Não somente a “Ficha Limpa” aprovada pelo Congresso Nacional, sancionada por ele mesmo em 2010. Revogue-se toda a lei e o ponha livre! Somente Lula?