Michel Temer, 75 anos, e a esposa Marcela no aniversário de 2 anos do filho Michelzinho, em foto do Extra

Michel Temer, 75 anos, e a esposa Marcela no aniversário de 2 anos do filho Michelzinho, em foto do Extra

NO MODELO PRESIDENCIALISTA de governo, como previsto na Constituição brasileira, na vacância temporária ou definitiva do titular, assume o vice. É o que estabelecem o Artigo 77, parágrafo 1º; e o Art. 79 da carta democrática de 1988.

No passado o vice-presidente era eleito pelo voto direto, como na eleição de 1961, quando Jânio Quadros foi eleito e o seu vice não, porque João Goulart, o vice do candidato adversário (derrotado), recebeu maioria dos votos.

Dilma Rousseff e o escolhido para seu vice

Dilma Rousseff e o escolhido para vice

No presente o vice integra a mesma cédula do candidato, ou candidata, que é cabeça de chapa.

Tanto na disputa de 2010 como na de 2014, quando Dilma Rousseff ganhou as eleições presidenciais seu partido, o dos Trabalhadores, impôs Michel Temer, do PMDB, como o substituto eventual ou definitivo da eleita.

Foi o PT que deu aos brasileiros a melhor garantia de que Temer era a pessoa certa na cadeira da Presidência da República, se o Senado confirmar o impeachment da titular daqui a duas semanas.

A dedução óbvia, a partir dessa escolha e reescolha petista, é a de que o vice fará um bom governo. Se não o fizer, o PT tem sua parcela de responsabilidade, porque foi quem o consagrou no cargo. Mas tudo indica que o fará.

Será um governo de transição que somente terá êxito se as diversas forças, mesmo as antagônicas, o compuserem em diferentes escalas. Temer pode dar cargos mesmo aos que, apeados do poder com a interrupção do mandato de Dilma, no momento esperneiam.

A estridência dos que protestam contra a sua unção ao cargo maior diminuirá com a capacidade de articulação do ungido. Que certamente leu Maquiavel, na parte em que esse autor florentino ensina ao líder utilizar-se conjuntamente da índole da raposa e do leão, em suas simulações e dissimulações.

O caráter dos homens é tão volúvel e guiado por exigências as mais fúteis e frugais que aquele que souber bem administrá-lo alcançará êxito em suas pretensões.

Portanto, agindo segundo tal receita, não será surpresa se Michel Temer convocar para compor o seu governo de “coalização e pacificação nacional” alguns próceres dos partidos e centrais sindicais ora conflagrados sob a demagógica retórica do golpe.

Se o convite for feito, podem aceitar ou não. Não aceitando, assumam o ônus da irresponsabilidade num momento crítico como esse que o país atravessa.

Jean cospe em Jair: na sessão de 17/04 em que os deputados por maioria aceitaram o impeachment, Jean Wyllys ataca com cuspe seu arquirival Jair Bolsonaro

Jean cospe Jair: na sessão de 17/04 em que os deputados por maioria aceitaram o impeachment de Dilma, Jean Wyllys ataca com cuspe seu arquirival Jair Bolsonaro

Em nome do “interesse maior da nação” e outras frases vazias do mesmo naipe, Temer pode compor uma equipe que junte todos os contrários, dos ultraconservadores aos que bradam pelo fim do capitalismo.

Oferecer a partidos nanicos, como o Partido Comunista do Brasil, sempre ávidos por cargos, algum ministério ou secretaria nacional, desdobrando isso para que instituições sindicais e representações estudantis orientadas partidariamente arrefeçam seu latido, é uma boa política.

Caberia no figurino de Jean Wyllys, deputado federal do Partido Socialismo e Liberdade pelo Rio de Janeiro, um posto ministerial ou subministerial qualquer, principalmente se “em defesa das minorias” que ele também diz representar.

A astúcia de Temer, auxiliado por seus conselheiros Acácios, saberá encontrar estratégias para obter o adesismo dessa gente pura de propósitos. João Pedro Stédile, dono do MST, e o ex-padre Leonardo Boff, são nomes que ficariam bem como assessores do Planalto.

Nas hostes do próprio PT haverá homens e mulheres de boa vontade que podem ser pescados pela rede do atual vice-presidente, como colaboradores. Inclusive o Rede Solidariedade de Marina Silva, idem.

Assim, pela pátria, a arquitetura de superação da crise política, condição necessária para tentar por ordem no descalabro econômico lulopetista, tem condições de ser exitosa.

Resta combinar com a equipe da força tarefa concentrada na República de Curitiba, que tanto assusta Lula, na liderença do juiz Sergio Moro. [clique nos links para saber]

MICHEL TEMER, a quem o falecido ex-governador e senador da Bahia Antônio Carlos Magalhães se referia como “mordomo de filme de terror”, tem personalidade fleumática.

Preside e lidera, já faz década, a maior organização partidária do país. O PMDB, com importantes caciques atolados até o pescoço em investigações de esquemas criminosos e de corrupção pelo Brasil, ainda não pode ser dito organização criminosa.

Republica CuritibaContudo, mesmo Temer é citado em colaborações premiadas no âmbito da Operação Lava Jato.

Tanto o presidente do Senado, Renan Calheiros, como o da Câmara, Eduardo Cunha, ambos caciques do PMDB e responsáveis pela gestão do processo de impeachment de Dilma Rousseff, já foram denunciados pelo Ministério Público Federal junto ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Político profissional de antiga cepa, tendo presidido a Câmara dos Deputados Federais por duas vezes, o paulista Michel Temer é tido como membro de outra organização muito influente na política terrena e na divina, o Opus Dei – que fez, entre outros, o Papa João Paulo 2º.

Seus integrantes trabalham com discrição, presentes em instituições civis de diversos escalões de poder, imprensa e universidade incluídas. Opus Dei e o PT consagram, desde já, um eventual governo de Michel Temer.