Em sentença de 63 páginas, de 18/09/2015, o juiz federal da 13ª Vara Cível, Carlos D´Ávila Teixeira julgou “improcedente” a ação por assédio moral movida, desde 2012, por este escrevinhador – também professor da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia -, contra dirigentes dessa instituição [clique aqui para saber].
Cabe recurso.
“Todas as suas manifestações [deste autor] – escreve Teixeira à página 57 -, a par de revelar notável acuidade intelectual e agilidade mental agressiva, mostram um triste panorama interior”.
Depois de escrever que “o autor é um brilhante professor, com uma carreira acadêmica respeitável, merece crescer e melhorar a cada dia, muito tem a contribuir para a cultura e o desenvolvimento acadêmico da Bahia e do Brasil”, o magistrado fustiga:
“Mas não sabe perder, é um péssimo competidor”.
“Não age com nobreza ou galhardia, usa e abusa de clichês batidos e argumentações periféricas sobre origem e cor, ataca de forma abusada, insistente e insólita, seus adversários – ou quem ele elege como tais- para gritar, escancarar e escarnecer que é o melhor e que todos devem reverenciá-lo por isso”.
“Como bem asseverou o profesor Wilson Gomes na reunião departamental de 18.6.2007 – escreve o juiz à página 55 – o demandante racializou questões que não tratavam de racismo, obtendo um apoio, completamente descontextualizado – frise-se! – de pessoas físicas e jurídicas que lutam pela valorização do negro na Bahia e de uma instituição denominada Agir Contra as Violências Institucionais (ACAVI).”
O magistrado lamenta não terem os dirigentes da Facom sido mais cuidadosos quando, em 2007, instauraram contra este autor uma Comissão de Sindicância “como uma agremiação primária (…), sem a seriedade” etc., para apurar reações diante do afastamento sumário deste professor da disciplina que editava o jornal-laboratório da faculdade.
Afastamento que na sentença o juiz aplaude nos seguintes termos: “Melhor sorte teve o único ato lúcido e coerente da comunidade acadêmica: o afastamento do professor do jornal que estava sendo utilizado como cenáculo das suas inquietações ideológicas, humanas e intelectuais. – A medida foi efetiva, direta e saneadora – Deveria ter sequência através de uma sindicância bem conduzida (…)”.
“Por fim – prossegue o juiz antes de concluir sua sentença – faço uma admoestação ao autor, cujo semblante, timbre de voz e parcimônia ao falar não se mostram, nem de longe, compatíveis com o vulcânico e virulento modo de escrever”.
“Que a sua inteligência, natureza, coragem e capacidade façam a diferença, devolvam-no para o campo da paz e o ajudem a reparar os elos rompidos, as amizades desgastadas, o diálogo com os alunos e professores, seus colegas”.
Não passou despercebida a Carlos D´Ávila Teixeira a data, que ele sublinha, de protocolo da ação: 20 de novembro, dia nacional da Consciência Negra. Leia aquí a íntegra da sentença.
Independente dos caminhos e descaminhos, das idas e voltas e dos pormenores de toda esta história na FACOM, o conteúdo dessa sentença é realmente preocupante. Só revela o quanto a justiça continua menosprezando interessadamente qualquer tipo de discussão sobre questões e conflitos raciais no Brasil, preferindo sempre abraçar qualquer argumento a ter que admitir a possibilidade do caráter racial do assunto. Esses juízes e juízas vão sempre preferir falar de meritocracia, mesmo quando a questão não seja de mérito, mas de raça. E não deixarão de atacar com as táticas racistas de transformar esta luta política numa espécie de delírio desacreditado, de fazer o racismo deles parecer uma loucura inventada pelo negro. Triste!
Saudações
Gilvan
NEM TODOS OS NEGROS SÃO SANTOS. É uma pena, lamentável, triste constatação, que ao fato de um oponente em qualquer questão, onde uma pessoa de pele negra esteja envolvida em FATOS que levem a ela merecer e receber uma crítica, seja ela veemente ou não, esta crítica seja levada, tomando como uma atitude racista. Por este caminho, todas as pessoas negras são TODAS santas e livres de cometerem erros, sejam eles de quais proporções forem. Eu mesma já fui vítima mais de uma vez, deste equivoco e sou testemunha que pessoas negras, se tornam aproveitadoras de uma lei justa e necessária, provocando fatos para justificar um processo.
Não sei de todos os fatos, mas se um professor branco, azul ou amarelo, fosse autor dos mesmos fatos causadores deste arerê, em uma CONSERVADORA UNIVERSIDADE, (and esta é outra questão), estes fatos levariam às mesmas reações dentro desta academia. Fernando te digo isto porque te amo. Quero desejo tudo de bom para você. Meu livro MANDINGA EM MANHATTAN só será lançado em Portugal em junho pois a outra data sugerida era muito próxima. Mês que vem lançaremos com distribuição gratuita aqui em Salvador.
Hoje, 2017, lendo a postagem de 2015 e em seguida o comentário logo acima. Quanta surrealidade! Tudo! E não precisar de drogas? Maravilha! Fernando é um forte, porque eu já estaria certamente com uns 15 cancros.