FAZIA TEMPO – desde a morte de seu avô – que um baiano não aparecia no cenário político nacional com pinta de estadista.

No eixo Brasília-Rio-São Paulo, além da cirurgia de próstata de Pelé, o fato mais relevante da semana tem como protagonista o prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM).

Ele fez pelo governo petista o que jamais um petista faria por qualquer adversário em tempo algum. Muito pelo contrário.

O prefeito que, a partir de Salvador, deu votos que fazem Dilma respirar m pouco mais

O prefeito que, a partir de Salvador, deu votos que fazem Dilma respirar um pouco mais

Não fosse a articulação que comandou, neste momento a presidente Dilma Rousseff estaria mais suja que a Geny do trechinho final da música de Chico Buarque de Holanda. E o país com os rumos da economia ainda mais incertos.

Como a incerteza econômica tem efeito direto na credibilidade do governo, ACM Neto garantiu a sobrevida de Dilma Rousseff por algum tempo.

Neto, que os idiotas recrutados pelos chefes de torcidas que tratam a política como futebol designavam de “grampinho” (referência a episódio envolvendo a passionalidade afetiva de seu avô), fez isso na votação, pela Câmara dos Deputados, da emenda que alterou princípios constitucionais garantidores de direitos trabalhistas.

Foram os votos do DEM, partido historicamente adversário das ditas “esquerdas”, estas mesmas que lideradas pelo PT, sob fidelidade canina do Partido Comunista do Brasil, por exemplo, estão empurrando goela abaixo dos trabalhadores um pacote de maldades contra seus direitos, foram os votos articulados por ACM Neto em seu partido que asseguraram a vitória apertada de Dilma na votação.

O prefeito e seus liderados no partido argumentam que agiram a favor do pacote porque se votassem contra estariam pondo em risco a gestão econômica não do PT – às voltas com a Polícia Federal e o Judiciário -, mas do país.

Ao assim agir Neto, hoje lidando com as contas da terceira maior capital brasileira, justificou com pragmatismo o seu ato. Não com a demagogia típica dos populistas.

Dilminha na campanha estelionatária do "nem que a vaca tussa retiro direitos trabalhista"

Dilminha na campanha estelionatária do “nem que a vaca tussa retiro direitos trabalhistas”

A bancada aliada do governo (PT-PMDB, PCdoB etc.) repete uma coisa nos holofotes, na propaganda. Mas votou unida contra aqueles direitos supostamente adquiridos. O remédio é amargo, mas pode “salvar” o paciente.

ACM Neto jogou como um ás. Honra a tradição de seu avô, goste-se disso ou não (eu não gosto).

Mostrou maturidade. Não espere o mesmo do lado oposto.