PEGAMOS UM AVIÃO de Madrid a Dar-es-Salaam (Tanzania), pela Qatar Airways, com escala para troca de aeronaves no impressionante aeroporto de Doha. Quando o voo atravessa o espaço aéreo do Oriente Médio, no mapa que serve de guia aos passageiros não existe o Estado de Israel.

Amin al-Husayni, pioneiro da causa palestina e da luta contra o domínio colonial britânico. Pela causa, não se absteve de aliar-se ao comandante supremo do nazismo, Adolf Hitler
Circula na internet um vídeo com entrevista de uma professora da Universidade Hebraica de Jerusalém com críticas a “desumanização” do “povo palestino” nos livros didáticos das escolas israelenses.
Tais críticas a seu próprio país somente são possíveis em um ambiente de liberdades democráticas. Um saudita que ouse criticar no país dele a família que controla a Árabia Saudita (Abdul Aziz Al Saud) ou um turco ao “fundador” da Turquia moderna, simplesmente é fuzilado antes de chegar ao youtube.
O que é pior: desumanizar os “palestinos” ou desaparecer, apagar, inexistir Israel – o que equivaleria a eliminar uma população mista inteira que habita aquele território? Árabes e palestinos são também admitidos como deputados eleitos no Parlamento de Tel Aviv.
Pus a questão dia desses para um grupo de alunos que analisa comigo temas abordados na imprensa local e global. Depois de muito especular, tentamos algumas respostas sobre o destaque que se dá ao histórico conflito da Palestina – a “terra de ninguém” dos impérios egípcio, romano, grego, turco-otomano (até 1917, quando se esfacelou com a derrota na Primeira Guerra Mundial). De 1920 a 1948, a região esteve sob o Mandato Britânico, ao final do qual as Nações Unidas (ONU) deliberaram por sua partilha e criação de três Estados Nacionais.
Por que o assassinato de três estudantes judeus numa periferia da Cisjordânia, seguido do assassinato de um jovem palestino em Israel, faz com que “o mundo” entre em êxtase catastrófico? Por que a marcha do extermínio sob a inoperância governamental que se registra em lugares como o estado da Bahia no Brasil (hoje sob a tutela de um judeu, Jaques Wagner), não provoca a mesma repulsa institucional ou midiática mundial?
No mundo real sabemos que alguns mortos valem mais que outros. Quem dá o peso e o valor de uma vítima e de outra? Nesses dias de comoção internacional perante a escalada de mútuos ataques entre os ativistas do partido Hamas, na faixa de Gaza, e o Exército de Israel, recebo mensagem de um amigo, filósofo, dos nossos tempos de militância pró-cotas na Universidade de São Paulo.
O que o indigna e o inconforma, de fato, é a morte, no pátio de um hospital paulista – que vimos na televisão -, de um pobre coitado homem a quem negaram socorro por não ter plano de saúde. O sujeito urrou ao chão por mais de uma hora, como um cão vira-latas.
Era um pobre-diabo negro, brasileiro como tantos milhões de outros negros diabos, que morrem aos milhares nas periferias de São Paulo, de Caracas, de Nairóbi, de Tegucigalpa, do Rio, de Bogotá, de Washington,DC, de Salvador, do Recife ou de Johannesburgo.
O Oriente Médio em conflito bíblico tem este acirrado por interesses econômicos – grande reserva de petróleo, principal fonte de energia industrial no século XX -, religiosos e midiáticos. Afinal, tais dispositivos são do interesse do grande capital concentrado nos países ditos centrais, também sede dos quartéis-generais dos principais conglomerados da indústria cultural. Ali também nasceram as três maiores religiões monoteístas imperialistas do planeta, às quais a maioria da humanidade adere.
Ao povo judeu, semita como tantos outros (a exemplo dos habitantes de grande parte do norte e do chifre da África), sua luta histórica pela terra prometida, é uma conquista irreversível que clãs e famílias, califados e emires árabes, além de tantos outros anti-semitas insistem em não admitir. Esses querem “varrer do mapa” – como declarou anos atrás o líder político da República Islâmica do Iran (persa) – o democrático Estado de Israel, que desde 1948 – em obediência a uma resolução das Nações Unidas (ONU) – enfrenta os inimigos.
Única democracia cercada por monarquias totalitárias autocráticas e grupos fundamentalistas que usam o Islã como artifício para sua plataforma medieval, Israel resiste. O sofrido povo que inventou no século passado a identidade palestina é marionete para o principal interesse dos oligarcas árabes e persas, que financiam grupos como o Hamas.
Esse interesse não é tanto a defesa dos palestinos, mas o extermínio do Estado judeu. Afinal, como aprendemos no livro do jornalista Robert Fisk, radicado por décadas em Beirute, um dos principais mentores da invenção da identidade palestina trocou figurinhas com Adolf Hitler, pai do nazismo. Quando este ainda sequer cogitava a Endlösung der Judenfrage (a solução final da questão judaica).
Retornarei ao tema.
Muito esclarecedor…e excelente para reflexão…
o que devemos fazer então???… Deixar que se exterminem os palestinos de Gaza sem dizer nada? Com o que vc acha que está coloaborando contra essa matança?
que acha do que esse judeu ortodoxo relata?
Os mortos palestinos (na proporção de 100 a cada israelense?) também não valem grande coisa… Talvez por serem marionetes?