[poema do livro Amar faz bem mas dói, Lys Editora, 1997]

O tempo das angústias das vacas

magras

começou de há muito

convive com as sagas;

o tempo das angústias

e das vacas magras

marcou minha infância

fermentou o meu medo

fez o ar rarefeito, ah!

o tempo do tédio

de ruas vazias

de gente nas ruas

cheias de desprezo,

esse tempo de feudo

e de multidão

de párias sem pátria

sem tutu sem feijão

  • tempo de patrão.

Mas quê, qual, uma ova

que não tem jeito não.

O país é sem língua,

o tempo é de míngua,

mas persiste, resiste:

aguenta firme, João!