Antônio Carlos Magalhães Neto, alcaide de Salvador, líder e presidente nacional do DEM, um dos partidos políticos de sustentação de Jair Bolsonaro, seria o principal beneficiário do desbaratamento da organização criminosa (Orcrim) assentada no Tribunal de Justiça do Estado da Bahia (TJ-BA).

O esquema, que envolve quatro desembargadores, inclusive presidente e ex-presidente do TJ, está detalhado em 140 páginas da denúncia do Ministério Público Federal ao Superior Tribunal de Justiça em Brasília neste 10 de dezembro.

ACM Neto, do DEM, discursa ao lado de Jair Bolsonaro

No total o MP denuncia 15 integrantes da Orcrim, que atuava no esquentamento de escrituras de terras do oeste baiano a favor de Adailton Maturino dos Santos, um antigo zé-ninguém administrador, e sua mulher, Geciane Souza Maturino dos Santos.

O relator no STJ, ministro Og Fernandes, já mandou prender alguns, como a desembargadora Maria do Socorro Barreto Santiago.

A chamada Operação Faroeste ocorre no exato momento em que se dá eleições para renovação de membros da mesa diretora do TJ-BA.

Poderá ter efeitos colaterais na luta pelo controle do poder do Estado nas eleições para governador em 2022. Clique aqui e assista vídeo com comentário.

O alinhamento do Tribunal aos interesses dos grupos de mando tem sido a lógica no exercício de mandato de governador ao menos desde os tempos da ditadura militar.

Chegada a hora do neto do ex-cacique Antônio Carlos Magalhães, que fazia o que queria com o TJ, a docilidade da maioria do colegiado muda de sinal.

FAROESTE E LAVA-JATO

Desde a deflagração da Operação Lava-Jato em 2014, comandada pelo então juiz federal de Curitiba, Sérgio Moro, restou demonstrado o envolvimento direto de próceres do Partido dos Trabalhadores e mais de 20 outras siglas partidárias no maior escândalo de corrupção da história do país.

Dezenas dos envolvidos citados na Lava-Jato atuam na política da Bahia, Estado comandado pelo PT desde 2006.

Relator da Operação Faroeste, ministro do STJ Og Fernandes

Não por coincidência duas das principais empreiteiras que confessaram crimes na Lava-Jato, Odebrecht e OAS, são originárias da Bahia.

A Petrobras, que está no centro daquele esquema criminoso, foi comandada por um baiano durante a presidência petista na República.

Há fortes suspeitas de que o TJ-Bahia, por interesses a serem demonstrados, vinha atuando no sentido de blindar os agentes de poder no Estado citados na Lava-Jato.

A dedução decorrente é que, com a “limpeza” agora feita pela Operação Faroeste, a Lava-Jato alcance, com anos de atraso, esses agentes.

2020 afigura-se um ano alvissareiro! A se comprovar…