VITIMOLOGIA, sistema de valores a que recorrem alas de movimentos sociais, se transformou em moeda de troca e chantagens de espertalhões, de espertalhonas.

Quem teve ou tem o prazer ou desprazer de minha convivência- meus filhos, companheiras, amigos e adversários – sabe que jamais apelei a tal expediente como justificativa para minhas incompetências.
Os que se “qualificam” como porta-vozes dessa ou daquela causa dita progressista abdicaram da arena nada agradável da disputa por um lugar ao sol independentemente de favores de terceiros.
No campo da Política, se apartaram da comunidade mais ampla, não se expondo ao crivo das urnas – preferem ser cabos eleitorais dos ungidos.
Fazem política de gabinete ou de redes sociais na Internet. Se auto-enganam, contando que o outro lado não revide na mesma moeda.
O ressentimento é sempre e continuará sendo uma fonte de desídia. Mobiliza forças e energias tão-somente negativas. Seu potencial é sempre destrutivo.
Veja-se o que acontece no Brasil de Jair Bolsonaro, legitimamente eleito – gostemos ou não – pelo voto popular para nos governar até 2022.
Em quase oito meses, não sai das manchetes se os editores sentem algo de bizarro, sensacional no que faz ou declara.
Contudo, se reserva mais de R$ 60 milhões para um único edital de bolsas (no país e no exterior) de pesquisas científicas do CNPq. – talvez na contramão do que propagandeia o antibolsonarismo militante -, esconde-se a notícia.
Por várias razões seu governo pode ser criticado por errático. Mas no que estabelece a Constituição, o presidente do Executivo por mais que queira não pode tudo. Precisa ter a aprovação da maioria do poder Legislativo (Câmara e Senado) e ainda ser avalizado pela Suprema Corte – o STF.
Seu governo tem provocado com vara curta o ideário da vítima enquanto uma categoria política superior.
A empresa norte-americana do bilionário fundador do eBay, aqui chamada The Intercept Brasil, contra-ataca.
Vaza troca de mensagens, ilegalmente obtidas em aplicativo de telefone celular, do juiz federal Sérgio Moro, responsável pela Lava Jato, a operação que melhor desbaratou a máfia da estrutural corrupção no Estado brasileiro.

Todos os corruptos presos, diz a narrativa de The Intercept, são vítimas das artimanhas do juiz. As empreiteiras e ex-diretores da Petrobras, que confessaram seus crimes e devolveram somas milionárias desviadas para bancos no exterior, idem.
A principal vítima, como não poderia deixar de ser, é o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, tadinho…
Seus advogados aos borbotões, com recursos restritos a uma minoria de privilegiados, vão insistir na inocência do cliente. Amplos setores da mídia brasileira vão na mesma toada. Até setembro essa vítima deve ser libertada.
Porque Lula é nordestino, foi operário, sindicalista. É um dos nossos.
Glenn Greenwald é um dos nossos. Mesmo que antes disso seja no fundo um dos aliados de Donald Trump na Fox News, vaidoso anti-Democrata defensor de Vladmir Putin. Para a esquerda norte-americana, um traidor da busca da verdade no jornalismo.
Se no Brasil do discurso (não da realidade) brado ser homossexual, negro, mulher, pobre e nordestino seria uma pessoa portadora de direitos ontológicos. Inerentes à minha condição de raça, de classe, de gênero e de opção sexual.
Não importa se sou, no fundo, um canalha.
Um canalha nordestino. Um canalha negro. Uma mulher canalha. Uma feminista, um LGBTQS+, não binário, canalha. Sou um eleito, enquanto vítima.
Abdico das minhas responsabilidades como sujeito do meu próprio destino. Não tenho deveres, somente quero direitos. Para tanto, me queixo do sistema, do capitalismo, do governo Bolsonaro, do machismo. Falta me queixar da pasta de dentes.
Não que deva desconhecer esses cancros em meus queixumes. Entretanto devo ponderar sobre o real peso que possuem no destino que construo para mim mesmo – veja-se o exemplo da deputada Tabata Amaral.
Quero ser aceito em algum grupo (pode ser de WhatsApp). Recorro (e me escondo) a um “coletivo” qualquer, com o qual oportunisticamente me identifico.
Como Foucault, Stuart Hall e outros do mesmo naipe me ensinam que a identidade é líquida, posso “ressignificá-la”. De acordo com a ocasião, com meus interesses de militância e de ativismo.
É o que prega, usando chavões e cacoetes como “lugar de fala”, gente autodenominada feminista negra, tal Djamila Ribeiro. Atual camaradinha de estirpes como Lilia Moritz Schwarcz, privilegiada herdeira do grupo editorial Companhia das Letras. Que, da USP, nunca quis ao lado quem lhe fizesse sombra, sendo complacente apenas com coadjuvantes em busca de aceitação.
A prerrogativa é da existência de uma superioridade moral da vítima sobre o algoz ou suposto algoz. Este, identificado sempre como membro do “grupo opressor”: macho, patriarca, branco, heterossexual.
Se o tempo passar, eu envelhecer e nada der certo, vou me queixar ao Papa.
O discurso das “esquerdas”, no Brasil e no mundo, transforma a vítima em cognitivamente incapaz. A vítima é tutelada pelos iluminados.
Os iluminados, por óbvio, recorrem à alteridade ou à identidade do corpo.
A pátria é, assim, categoria discursiva identitária. É, como sabemos, o último refúgio dos canalhas, que aí recorrem em defesa de supostos brios ofendidos.
Caso do Nordeste brasileiro, região de piores índices sociais e humanos no contexto nacional. De manipulações narrativas de antigos e neo-oligarcas como José Sarney, Antonio Carlos Magalhães, Jader Barbalho, Fernando Collor de Mello, Ciro Gomes.
Fiel da balança eleitoral, desde a redemocratização em 1988.
Ambiente fértil para florescimento de salvadores, messsiânicos, demagogos da pior estirpe – e de todas as matizes partidárias, reacionários confessos ou ditos progressistas.
Redentores das vítimas, às quais não emancipam nem permite-lhes autonomia de curso.

Thomas Sowell garante em dados econômicos, matemáticos e sociais: a vitimologia tem provocado mais danos às famílias (negras ou pobres) que toda a miserável experiência da escravidão de africanos para as Américas.
A elite, protegida em sua condição de classe social elevada, agradece de barriga cheia. E emprego vitalício garantido.
Como existencialista nietzschiano, nascido e criado por uma mãe viúva com 7 filhos numa favela em constante luta pela sobrevivência, este último fato nunca me garantiu nada.
Escrevi, a propósito num poema quando ali morava, emulando a legião de “vítimas sociais” que deveriam ser o combustível da ruptura revolucionária:
- Se um mendigo hoje me pedisse uma esmola, eu lhe daria um tiro!
Na contra mão da imprensa mimimi, no mínimo uma excelente argumentação sobre a realidade do nosso momento… Não é um texto que agrade a todos. Não, não é! A verdade não agrada, na maioria das vezes não é curtida nem compartilhada… Grata pela oportunidade de poder ler textos repletos de ousadia
Considero bastante oportunas e coerentes as idéias apresentadas no texto sobre vitimologia.
Parece ter virado modismo atribuir a veículos, editores e repórteres a culpa pelos equívocos, desmandos e incompetência das autoridades políticas do Brasil, como se o governo do país estivesse sob a responsabilidade dos profissionais de imprensa. O estranho é que muitos daqueles que têm o seu trabalho questionado hoje também foram acusados de imparcialidade por governos precedentes.
É como se, da noite para o dia, a imprensa tivesse adotado um “viés ideológico de esquerda”, seguindo o chavão predileto do atual presidente. O seu governo tem assumido com grande loquacidade “o ideário da vítima enquanto uma categoria política superior”.
Dizendo de outro modo: não há erros, agressões ou ilícitos cometidos, tudo não passa de perseguição política perpetrada pelos ressentidos.
Certa vez, um juiz de muito prestígio sabiamente afirmou em relação a grampos telefônicos:
“A democracia em uma sociedade livre exige que os governados saibam o que fazem os governantes, mesmo quando estes buscam agir protegidos pelas sombras.”
Concordo plenamente com o magistrado. Por isso, penso que se o jornalista consegue obter acesso a informação, ele tem mais é que divulgar. Quem tem o dever de zelar pelo sigilo é o Estado. E que isso possa valer para todos, seja um deputado, um senador ou até mesmo um juiz, em respeito ao princípio constitucional da isonomia.
Refúgio de canalhas é a puta que te pariu. Respeite meu nordeste, seu bosta!!!