“-… Eu espero que a Polícia Militar tenha a responsabilidade de entrar naquela casa, pegar esse canalha e dar um CORRETIVO nele…”
Apoplético, sob chuva de ovos, num palanque de campanha eleitoral antecipada à Presidência da República, Lula (PT) esbraveja. E ainda ofende quem sofre de doenças da mente, classificando quem protesta de “débil mental”.
O condenado a mais de 12 anos de cadeia por crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, na primeira e na segunda instâncias da Justiça, exorta a violência da polícia contra um brasileiro que, literalmente, o “ovacionava”.
No jargão do submundo do crime, por vezes adotado por policiais desviantes, corretivo é surra, tortura. Agressão covarde infligida a outrem.
[De notar, no registro em vídeo, o perfil do sujeito que tenta proteger da chuva de ovos o exortador da polícia. Onde estão a filósofa Marilena Chauí, a senadora Gleise Hoffman ou mesmo um Leonardo Boff ou um Bob Fernandes?]
[Seria isso um destino do atavismo dos militantes negros das causas partidarizadas? Um serviçal negro esgrime o guarda-chuva. Espécime comum de capataz, leão de chácara, tarefeiro fiel ao nhô-nhô.]
Eis no que se transforma o mais popular representante do campo das “esquerdas” na América Latina.
Em personagem tragicômica, abominável e ao mesmo tempo risível. Presente na literatura de realismo fantástico de Gabriel García Márquez, Carpentier, Borges, Julio Cortázar, Carlos Fuentes…

Em Bagé, fronteira do Brasil no Rio Grande do Sul com Uruguai, manifestantes gaúchos puseram para correr a milícia do MST que acompanha Lula
Tem sido assim a recepção ao périplo recente do pré-candidato e ex-presidente petista aos três Estados da região sul do Brasil. Por toda parte, a chamada “caravana” lulista é vaiada, apedrejada, “ovacionada”, xingada. Até tiros foram dados em lataria dos ônibus que a transporta.
O povo se manifesta, indignado com a prepotência e a cara de pau do projeto de poder que quase destrói a Petrobras (Caso Lava Jato) e afundou o país na maior recessão de sua história republicana, entre 2013 e 2016 – desemprego de 14%, crises na segurança pública etc.
- O Supremo Tribunal Federal (STF) terá de decidir, a 4 de abril, conforme deliberou na primeira sessão, o pedido para que Lula – distintamente a centenas ou milhares de outros criminosos condenados – deixe de cumprir a jurisprudência adotada por esta mesma suprema corte em 2016.
Condenados por um juiz de primeira instância, se têm a condenação confirmada por um colegiado de juízes em segunda instância, devem recorrer da condenação, até a quarta instância (o próprio STF) – como assegura o inciso LVII do Art. 5º da Constituição do Brasil -, já presos.
Esse entendimento do STF é o que tem posto na cadeia desde 2016 centenas de criminosos ricos e influentes, poderosos traficantes de drogas, corruptos de white collar.
Sérgio Moro, juiz responsável pela Operação Lava Jato, afirma, com base em levantamento unicamente em duas varas criminais da Justiça Federal em Curitiba:
Mesmo pedófilos já presos serão beneficiados, em todo o país, se o entendimento do STF mudar por conta de Lula.
Por óbvio, a defesa do líder máximo – à falta de Hugo Chavez e à falência de Maduro na Venezuela – das esquerdas latino-americanas, escamoteia a realidade.
Distorcer os fatos, adequando-os à meta de livrar Lula da condenação imposta, foi mesmo o mister da atuação de Roberto Batochio em suas falas da tribuna do STF no dia inicial de análise do pedido de habeas corpus.
Das bobagens que emitiu, com a típica retórica bacharelesca de que nos imuniza Sérgio Buarque de Holanda (Raízes do Brasil), inferiu absurdos escatológicos.
A recente prisão do ex-presidente da França, Nicolas Sarcozy, amparada em republicana legislação francesa, daria acolhida à sua tese, de Batochio. A de que haveria uma “sanha persecutória e punitiva da… justiça mundial” (sic!) contra expoentes políticos como Sarcozy e Lula.
Batochio, ex-presidente do conselho federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), engabelou quantos pode com sua erudição em compotas.
Gilmar Mendes, hoje como antes a maior raposa na atual composição de 11 membros do STF, fingiu impressionar-se com a “eloquência” do defensor de Lula. Igualou a performance de Batochio, quem sabe com sarcasmo, à de Raymundo Faoro (1925-2003).

Cartaz da Universidade do Arizona (Estados Unidos): este escrevinhador convidado a falar do que restou “da esquerda” com Lula
Faoro, ex-presidente da OAB nos estertores da ditadura militar, foi àquela Suprema Corte nos tempos duros em que os então Donos do Poder (aliás, titulo de sua obra clássica), tentavam domesticar a advocacia e os magistrados.
É uma desonra à memória de Faoro ser igualada a de Batochio. Assim como desonra a maioria da população brasileira constatar estar sendo o STF transformado, por figuras como Gilmar Mendes et caterva, em última tábua de salvação de corruptos e criminosos como Luiz Inácio Lula da Silva.
Um ex-presidente desse mesmo STF, Sepúlveda Pertence, hoje também a serviço de Lula, quer persuadir a Corte de que se deve garantir a literalidade do referido inciso constitucional: “Ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”.
Em todas as democracias modernas do planeta, sem exceção, o condenado em primeira e segunda instâncias aguarda na cadeia o chamado “trânsito em julgado”.
Por que a condenação pode ser depois revista. Mas a lei não pode servir de escudo e de escusa ao criminoso de colarinho branco, este que tem dinheiro, influência e poder para contratar bons advogados que evitam sejam seus clientes presos.
- NO BRASIL, o dispositivo historicamente serve para proteger, repita-se, figuras poderosas e influentes. Ao zé-povinho, geralmente pretos e pobres, isso é coisa totalmente sem sentido. No jornal, no rádio, na TV, nos presídios e nas favelas, o acusado é culpado por antecipação.
O habeas corpus a ser analisado pelo STF a 4 de abril baseia-se no princípio de que Lula está sob ameaça de ter impedido o seu direito de ir e vir, vez que condenado a 12 anos de cadeia.
O que a maioria do STF decide dia 4 não é simplesmente o alegado pela defesa. Decide se a lei vale ou não para esse líder do que restou das fantasias das esquerdas.

O juiz que condenou Lula: no programa de TV Roda Viva, alerta para as centenas de criminosos beneficiários de todo tipo na cola de Lula
Eis Lula em sua inteireza.
Um político velhaco, no pior sentido, berrando para a PM atuar contrario sensu à lei.
Exortando a polícia a invadir residência alheia para, com o tacão, dar “um corretivo” em quem não mais compactua com a farsa que apregoa em suas “caravanas” de campanha pelo Brasil.
Como corolário: se a lei não vale para Lula por que a lei valeria para quem executou a vereadora Marielle Franco?
Executores e mandantes que, passadas três semanas do assassinato, continuavam livres, leve e soltos – por que não? Este é o Brasil dos que podem fazer chicana das leis e da justiça.
Talvez, a grande tragédia da vida política brasileira seja a supremacia da conveniência particular no trato da coisa pública, pois que quando o Sr. Gilmar Mendes indeferiu a posse de Lula no Ministério da Casa Civil do Governo Dilma, sua postura foi festejada por grande parcela da direita, da mídia corporativa e do empresariado nacional (lembremo-nos do patinho feio da FIESP). Agora, entretanto, a coisa mudou de figura, visto que, para libertar seus apaniguados encarcerados, Sua Excelência terá de principiar pelo líder petista, por isso o comportamento “indecoroso” do “supremo ministro” tem saltado aos olhos da opinião pública.
Em meio a tantas controvérsias, porém, resta uma certeza: a prisão de condenados apenas após sentença judicial transitada em julgado só favorece alguns poucos privilegiados e seus advogados em face das promissoras possibilidades de enriquecimento advindas da morosidade e ineficiência da Justiça Penal brasileira.