A PRINCIPAL questão que agora se coloca é:
- Qual a alternativa, com chances reais de desempenho eleitoral consistente, têm as forças políticas não retrógradas para enfrentar o amplo leque de conservadores, de direita e de centro, das classes senhoriais e de mando organizadas para as eleições de outubro deste 2018?
Sejamos racionais. O destino do ex-presidente Lula, novamente pré-candidato do Partido dos Trabalhadores (PT) à Presidência do Brasil, é problema menor para o país.
Ante os desafios de derrotar a agenda do grande capital financeiro internacional e seus capatazes internos, à testa o Ministro da Fazenda Henrique Meirelles, do PSD (Partido Social Democrático), uma das tantas legendas de aluguel na Câmara dos Deputados e no Senado da República.

Henrique Meirelles, à frente das “reformas” de Michel Temer que usurpam trabalhadores e reforçam os interesses do capital. Foi presidente do Banco Central no governo Lula, que sempre o bajulou
NOS PRÓXIMOS oito meses Lula e o PT continuarão enredados na meia dúzia de outros processos judiciais nos quais são réus por crimes de corrupção, falsidade ideológica, tráfico de influência, lavagem de dinheiro, enriquecimento ilícito…
A confirmação de sua condenação e ampliações das pena e multas, no único caso conhecido por tríplex de Guarujá [clique para ler], faz com que Lula e a militância partidária em torno dele tenham de mover céu e mar para adiar o seu encarceramento num presídio de Curitiba.
O trio de desembargadores da 8ª Turma do Tribunal Regional Federal de Porto Alegre deixou claro: de acordo com o que determina a lei de execução penal, interpretada pelo STF (Supremo Tribunal Federal), o réu cuja sentença condenatória seja confirmada em segunda instância, como Lula, deve cumprir o início da pena recluso em regime fechado.
Evitar ser preso dentro das próximas três ou quatro semanas. É isso o que mais urge e importa a Lula.
Sua muito bem remunerada equipe de dezenas de advogados de defesa, espalhados não apenas no Brasil mas em escritórios de advocacia no exterior, Europa em particular, tem de se desdobrar.

Lula com Palocci, seu principal braço direito nas tratativas com o “mercado”. Preso, negocia colaborar com a Justiça, para mais desespero petista
À MILITÂNCIA PETISTA, secundada por influentes quadros dos campos culturais, das universidades, dos sindicatos, dos jornais, das redes sociais, aqui e alhures, compete fazer barulho, grunhir o mantra da “perseguição” política do judiciário.
É conferir se a grita surtirá algum efeito ante os chamados autos dos processos. Que, como lembraram os juízes do TRF-4, estão fartos de provas dos desvios criminosos do “amigo” – como a Lula se refere uma das planilhas do propinoduto da empreiteira Odebrecht.
De tudo com o que o país vem se deparando é mister reconhecer: o PT de Lula, isto é, a tendência ou corrente majoritária que domina há mais de três décadas esse partido, parece estar prestando um desserviço à causa da dita esquerda histórica.
O alto grau de personalismo, de caudilhismo de Lula, o seu sebastianismo são contraproducentes ao projeto de uma alternativa que barre a rapinagem representada por Henrique Meirelles, essa cria do BankBoston/FleetBoston Financial, sob o olhar vampiresco do fantoche Michel Temer (PMDB).
Temer e PMDB, velhos conhecidos nossos, razão de nunca lá terem chegado. Mas, por óbvio, puderam alçar à cadeira da Presidência graças à “perspicácia” e esperteza do impoluto Lula.
As heterodoxas alianças do, diria o falecido Leonel Brizola (PDT), “sapo barburdo”, quase levam a Petrobras à falência. Agora lhe engoliram.
Os oligárquicos coronéis que compõem a “elite” de mando do Estado patrimonialista, com os quais Lula se locupletou e pensou tê-los no bolso, fê-lo indigestão.
Endeusado, Lula queima na própria fogueira de suas vaidades. Traído, como queixa-se, por aqueles e muitos outros “amigos”, a exemplo de Antonio Palocci, o “italiano” que gerenciou o “caixa 2” petista por anos a fio.
O povo cá embaixo nada tem a ver com isso, nada a perder ou ganhar.
Porque a ele, povo, nunca foi perguntado absolutamente nada desde que há povo por essas bandas do Atlântico. Ferrado esteve, ferrado está.
Um projeto menos danoso, com o PT/Lula se recolhendo, com humildade (algo quase impossível de admitir), a papel coadjuvante, é urgentemente necessário. Se se quiser impedir a vitória fácil das hienas nas eleições nacionais de outubro.
Clap, clap, clap.
replico. cala. cala. cala. na mosca. que diagnóstico, que observações precisas.
clap, clap, clap, que corretor descarado
Os replicantes, agitadores, problemáticos etc., esses mesmos que vivem a cultivar o espírito crítico, que vivem a se organizar para debater, questionar e combater as contradições sociais de um país desigual, estão à míngua. Diante de tamanha falta de representatividade no espectro político da esquerda, esses seres inconformados (utópicos?) são obrigados a ter de assistir à ascensão de uma direita conservadora e servil, capitaneada pelos interesses do mercado financeiro. Neste momento convém uma pergunta: por que, neste contexto de crise generalizada da política nacional, a direita tem se mostrado mais firme que a esquerda? A resposta é obvia! Ao longo da história, em que pese os percalços, deturpações e pontos fora da curva, foram as ideologias políticas esquerdistas que sempre propuseram a luta por uma sociedade mais justa e equânime. Foi a esquerda que sempre defendeu melhores condições de vida e trabalho para os desprovidos. Foi a esquerda que, pelo menos em tese, sempre se mostrou crítica quanto aos efeitos da agenda ambiciosa do mercado financeiro sobre a periferia do capitalismo. A direita, por sua vez, sempre alinhada aos interesses do mercado, sempre preocupada com o crescimento econômico a qualquer preço, historicamente, mostrou-se sua obediente e fiel representante. Daí o fato de que, talvez com assombro, tenhamos que assistir a ascensão de um governo menos comprometido com políticas sociais de redução das desigualdades do que com políticas de austeridade fiscal com vistas ao mantra do crescimento econômico.