O QUE ÀS RETINAS já fatigadas, como disse o poeta, deste escrevinhador até hoje impressiona é a capacidade de resiliência do povo negro no Brasil. Mulheres e homens.
Ele, o negro, e ela, a negra, vivenciadores da realidade brasileira, tinham todos os motivos, físicos e psíquicos, de ser paranóicos congênitos.
Os interditos do nascer à morte que lhes são impostos, eram para os terem alquebrado permanentemente desde a medula.
Ainda mais na conjuntura econômico-política atual. Se viram como podem para manter não apenas a sobrevivência, mas sua própria sanidade mental – como vimos com os mais de 3.000 vendedores ambulantes nas ruas de Salvador da Bahia na recente esbórnia momesca.
Deve surpreender a seus algozes, os “brancos” protegidos em suas armaduras institucionais, que em vez de se dobrarem logo à condição de párias sociais que institucional e historicamente o Brasil lhes atribuiu, ainda agora – cinco séculos depois de seu primeiro ancestral ser trazido como escravo a essas bandas -, os negros insistam em ser proativos. Brilhantes. Insistentes.
Seria sua resiliência uma espécie mesmo de esquizofrenia? Examinemos como as coisas funcionam no país.
UM JUDEU local, regozijando-se ao microfone de ter visitado recentemente Auschwitz, propagandeia que não parou de derramar lágrimas em memória das vítimas da experiência nazista ali confinadas.
O discurso de vitimização funciona se a vítima é judia e de ascendência europeia. Aliás, é disso que se nutre a mística sionista, burilada zelosamente pela máquina hollywoodiana a cada “Oscar” e bradada sempre que se critica a política de genocídio de assentamentos do governo de Israel em setores árabe-palestinos.
O discurso de vitimização é no Brasil atirado na cara do negro não a seu favor. Mas na tentativa de provar o seu suposto complexo de inferioridade.
E se dissermos que a empresa da escravidão moderna, a partir do final do século 15, que permitiu a acumulação primitiva do capital globalizado de hoje foi, em grande medida, bancada, financiada e sustentada por interesses de empreendedores declaradamente judeus? É ser falso à verdade?
CIRCULA FAZ três anos na Internet o manifesto [clique para ler] de um sujeito que, à guisa de desqualificar a pretensão de um colega da mesma instituição a cargo diretivo, tece um rosário de sofismas – ou pseudoargumentos – para então concluir:
“As pessoas valem pelo que são, não por suas linhagens familiares, sejam elas aristocráticas ou proletárias, de pele mais clara ou mais escura.”
Claro que o energúmeno não está dizendo nenhuma novidade. E também é claro que ele é ludibria naturae. O cara sabe que é um mentiroso nato.

Coitados dos brancos pobres, como os retratados nessa ilustração de cena setecentista… (Clique aqui para ler um artigo em sua defesa)
Flagrado com as calças nas mãos já ao fim de sua carreira universitária, depois que um editor de uma dessas publicações ditas científicas que proliferam em autoreferências, o denunciou internacionalmente por plágio acadêmico. Clique para ler a réplica, na lata, às suas aleivosias.
Não está sozinho em sua sentença tosca. Basta uma rápida busca no Google para se certificar que opinião semelhante sobre o sujeito do seu ataque apoplético é compartilhada por outros de sua mesma estirpe e cor de pele.
Mentem por terem respaldo do arcabouço institucional que rege as normas de distribuição de poder e de cargos na estrutura – executiva, legislativa e judiciária – do Estado brasileiro. De vigilância e de punição. De distribuição de prêmios e de violências letais ou não-letais.
AS OPORTUNIDADES de condições materiais de existência são cuidadas para favorecer esses antigos parasitas. Nada a ver com mérito, a não ser que mérito seja sinônimo de privilégios de casta.
Pois a segunda coisa que este escrevinhador ouviu ao ingressar por concurso público nessa instituição em 2002, depois de informado o resultado, foi: “Se quiser ascender na carreira, jamais confronte Fulano de Tal ou Sincrano de Qual”.
Confrontar, no caso, significa divergir do modus operandi do controle da coisa publica por grupos privados familiares (extensivamente familiares, pois que nessa afirmação estão incluídos os apadrinhados).
Não à-toa as divergências desse escrevinhador mesmo com entidades do chamado Movimento Negro na Bahia, em São Paulo, no Rio de Janeiro etc. podem ser confundidas com auto-imolação. Paga-se um preço.
No mundo pertencente aos brancos, aqueles Fulano de Tal e Sincrano de Qual fincaram raízes. Geração após geração, nos espaços de mando, ontem como hoje. Por isso, influenciam quem entra ou não nas vagas abertas nos “concursos” públicos nos programas de pós-graduação.
Se deixam um negro ingressar naquela esfera, esperam desse uma fidelidade canina e doentia – ou o acusam de ingrato. Vide Joaquim Barbosa no Supremo Tribunal Federal.

Joaquim Barbosa, cuja imagem brancos, capitães do mato e advogados de réus tentaram destruir
Numa banca, este autor teve de ouvir de outro integrante: “Não podemos reprovar esse ou esse candidato, porque são da cota do Fulano, ou do Sincrano, afinal os donos do programa”. Ouviu, imediatamente divergiu, mas foi voto vencido.
Fulano e Sincrano estão no comando e vigiam com rédeas curtas a distribuição de cargos e funções naquele espaço de poder. Assim, favorecem quem lhes apetece. De repente, vemos aquele sujeito ou aquela sujeita, sua clientela obediente, “aprovados” na seleção.
Nisso não está em jogo a competência profissional, mas a capacidade de submissão aos desígnios do coronelzinho com pinta de boa-gente, democrata e etc. e tal.
Repare na pele deles e na insubstância de sua autonomia, afinal nula. Dilma Rousseff que o diga. Ela que, como outros milhares de filhos de imigrantes europeus coitadinhos, teve e têm uma vida tão estropiada quanto a sua.
Por que os negros insistem em estar vivos e sãos neste país racista, cujo suprasumo da supremacia branca é um Estado chamado Bahia?
Artigo muito ruim! Não tem foco e mistura vários assuntos cuja conexão não fica evidente, incluindo temas “paroquiais” e casos particulares que poderiam sim ter grande utilidade para exemplificar e ilustrar qualquer tese que o autor quisesse expor e defender, DESDE QUE fossem devidamente inseridos num contexto, isto é, fizessem parte de um texto coerente com começo, meio e fim. Mas esse texto, que vai do nada a lugar nenhum, ainda aborrece o leitor convidando-o a seguir links! É pena porque tangencia várias questões interessantes e urgentes, mas que não foram abordadas de forma competente. Para piorar, flerta descaradamente com um antissemitismo repulsivo, fiel à vetusta tradição da esquerda latino-americana… Faria muito melhor se se aprofundasse em um caminho que tardiamente começou a percorrer e que parece promissor, isto é, o caminho que mostra no final que o inimigo do negro brasileiro é, muito simplesmente, o branco brasileiro…
PS: Esta crítica é de alguém que considera que há no Brasil atualmente 3 ou 4 intelectuais negros escrevendo coisas interessantes, e Fernando é um deles.
A propósito da adoção de políticas reparatórias de ações afirmativas no Brasil, originou-se de súbito, entre parte da reacionária intelectualidade e da débil opinião pública dessa famigerada “democracia racial”, a mais nova repulsa à grita dos negros alijados em favor da distribuição equânime da produção e dos diretos sociais, o discurso do “racismo às avessas”, fundado em um suposto complexo de inferioridade patológico do negro.
Ora, mais essa! Se o racismo é um instrumento de poder utilizado pelos grupos dominantes para subjugar outro que ocupa estratos subalternos na sociedade, o preconceito racial, portanto, é uma prerrogativa daqueles que se situam em posição social hierarquicamente superior. Como, então, pretender sequer sugestionar o tal “racismo às avessas”? Justificativa simplória, porém, a qual se apegam obstinadamente aqueles que relutam a largar o osso.