Jorge Amado nasceu ruralista, cresceu comunista e morreu carlista.

Landê Onawale, Liv Sovik, este autor bissexto, e Goli Gurreiro, moderadora da mesa “A Cor da Bahia” no evento “Jorge+100”
Soube que ao ouvir a frase acima, uma garota contratada para digitar, just in time e on line, no Facebook ou Twiter do evento, o que diziam os convidados para as mesas de debates do “Jorge+100”, estancou. E pediu socorro a um supervisor do evento.
Queria saber se podia escrever o que acabara de ouvir da boca deste escrevinhador que ali estava dividindo a mesa com Liv Sovik (UFRJ), o poeta Landê Onawale e a mediadora Goli Guerreiro.
“O que faço?” – ela indagou, aos buxixos, com cara de pastel, interrompendo sua obrigação de digitar para a rede social, na cobertura sobre a mesa. “Quem é esse cara para dizer isso de Jorge?”. Soube que o supervisor respondeu para ela colocar entre aspas e reproduzir a fala. Não sei se o fez.
Prossegui considerando uma evolução ele ter passado de ruralista a comunista e depois morrer nos braços do cacique Antonio Carlos Magalhães (por 30 anos o coronel dono da Bahia). Sem jamais ter denunciado as arbitrariedades e violências praticadas, de forma sistêmica, contra aqueles mesmos que ele edulcorou em centenas de páginas de seus romances da primeira fase, a exemplo de Jubiabá, Capitães da Areia, Tenda dos Milagres etc. Antes de se entregar à estereotipia lascívica das Gabrielas, Donas Flores, Terezas Batistas…
E disse mais: se houve no Brasil, no século XX, um romancista com maior lobby para ganhar o Nobel de Literatura, este foi Jorge Amado. Por que o comitê do Nobel não o fez?
Cogitei. Jorge Amado escrevia mal os seus originais, não tinha apuro estético. Até aí morreu néris. Nada que uma boa equipe revisora de copydescagem não resolva. Foi um ideólogo transverso de Gilberto Freyre, escrevendo da Casa-Grande sobre a senzala.
Seu êxito editorial foi turbinado pelo Partidão de Luís Carlos Prestes (“O Cavaleiro da Esperança”). Canalhas daquela facção que jamais publicizou uma autocrítica diante das atrocidades de Stalin reveladas no famoso discurso em 1956 de Nikita Khrushchev.
Até que enfim alguém teve coragem de desnudar J.A.,que considero o Sidney Sheldon da literatura brasileira. Em gênero, estilo e oportunismo.
Talvez, se na época, alguém tivesse feito críticas como esta, J. A. teria mudado o rumo de suas obras, as críticas servem para aprimorar.
Opiniões são sempre bem vindas. Não considero que a aproximação “nagô” de Jorge com ACM o dimerita. Do contrário. Demérito está na cabeça de quem pensa assim. ACM foi e é importante. Fato. Ninguém fez, e nem fará – pois a história já foi feita – o que ACM fez. E deixemos de mimimi. Há escritores que apoie o Lula e outros políticos, como o Sarney – vide Gullar. E daí? Que ranço nojento!
Aparente contradição: ser carlista e, ao mesmo tempo, um ícone da esquerda. Na verdade, Jorge Amado dançava conforme a música. Se dependesse apenas de seu talento literário seu nome não repercutiria tanto..
Ninguém é perfeito!Agora falar mal da obra de Jorge Amado só pode ser despeito ou falta de leitura da mesma.Li quase todos os seus livros.Em Capitães de Areia ele discorre sobre os meninos de rua de Salvador,quando ninguém atentava para o problema,Suor ,Cacau ,Terras do Sem Fim ,,Gabriela retratam sobre a saga do Cacau no sul da Bahia,Tendas dos Milagres,Jubiabá,A Morte e a Morte de Quincas Berro D’Água ,Os Velhos Marinheiros discorrem sobre a vida social econômica, religiosa o misticismo que envolve a capital baiana ,tc,etc.Claro que aí ele fala de coronéis ,prostitutas,políticos,malandros ,marinheiros ,de todos os componentes da sociedade baiana.Ele retratou a Bahia para o mundo.Se ele foi comunista,carlista,seja lá o que foi ,isso não denigre a obra dele e maneira nenhuma.Ele merecia sim um Nobel da Literatura. E Salve Jorge Amado da BAHIA!