Hugo Chávez tinha sofrido uma tentativa de golpe da oposição, com apoio de Washington,DC., em 2002. Quatro anos depois resolvi, ao lado de uma bela jovem natural de Hamburgo, Alemanha, conferir como andava a situação da Venezuela.
Semana passada o candidato chavista à sucessão de “El Negro”, como Chávez era chamado carinhosa ou odiosamente nas ruas quando ali estivemos, foi empossado como sucessor daquele líder latinoamericano morto em 5 de março de 2013, depois de quatorze anos na presidência venezuelana.

Castelo de Araya, ou Real Fortaleza de Santiago de Arroyo, fundado pelos espanhóis entre 1623 e 1625 para defender as salinas venezuelas.
Durante quinze dias transitamos entre Caracas e o extremo nordeste daquele país, por terra e mar. Era dezembro e havia blitz do exército por toda parte, como se em guerra.
Em Guiria, cidade portuária de onde às quartas-feiras, uma vez por semana, parte um barco para Port of Spain, capital de Trinidad & Tobago, resolvemos também visitar essa ex-possessão britânica. Depois conto como foi nosso Natal em Scarborough, na ilha de Tobago.
Voltamos logo à Venezuela, a tempo de novamente em Guiria passar o aniversário de vinte e poucos anos da minha amiga. E o Reveillon em Caracas. No retorno à capital, de carro percorremos estradas nas florestas, parando para pernoitar. Caminho do litoral caribenho até Araya, estado de Sucre, onde Cristóvão Colombo aportou em 1498, em sua viagem de descoberta do novo mundo.
A lição de tudo, se há lição?
Venezuela é um país abençoado pela natureza. Pelo petróleo, sua riqueza principal. Chávez, militar que ensaiara ele próprio um golpe nos anos 90, estava transformando a nação, em um projeto caudilhesco de poder que flertava com a maioria dos miseráveis – composta por mestiçoes e negros como ele -, distribuindo renda oriunda dos petrodólares. E que contrariava interesses econômicos e políticos da minoria historicamente privilegiada.
Se ele dominava os meios de comunicação, contudo nunca houve censura à imprensa – embora jornalistas oposicionistas sofressem represálias. A população estava dividida entre o “socialismo bolivariano” e o conservadorismo do passado. O clima divisionista era tenso, como agora mostrou o resultado eleitoral.
Em conversa com o povo nas ruas, nas feiras, restaurantes e bares, ficou a impressão de uma gente, aliás muito bonita e salseira, esperançosa de dias melhores. Isso não se consegue sem luta. Dias melhores com Maduro é o que, de minha parte, desejo ao nosso país vizinho.