Estudantes de Comunicação e Poder e de História de Jornalismo na manhã da partida; agachados à direita o técnico-administrativo da Facom, Romenil Sena, e o responsável pela atividade de extensão (fotos: João Ricardo Roque)

Por três dias e duas noites, desde a tarde de sexta, 7, até a tarde de domingo 9 de junho, 21 estudantes da Faculdade de Comunicação (Facom) e de Bacharelados Interdisciplinares da Universidade Federal da Bahia mergulham em atividade de extensão no município Santa Inês, distante cerca de 300km de Salvador, de onde partiram em ônibus cedido pela universidade.

O objetivo é a realização de diagnóstico de como as autoridades do município fazem a gestão política do poder a partir de aparatos e ferramentas da cultura e da comunicação. Os estudantes estão produzindo uma série documental em áudio e vídeo a ser divulgada em plataformas da UFBA e redes sociais deles mesmos.

A atividade é realizada em parceria com o Instituto Federal Baiano (IFBaiano) ali localizado, cuja direção cedeu dormitórios aos estudantes da UFBA. Apoia a iniciativa a Prefeitura municipal, cuja diretora de Cultura, Karla Cajaíba, e o vice-prefeito Pery Souza (PT), desde o início abraçaram a proposta da visita.

Todas as refeições dos visitantes, assim como a organização da programação, foi assumida pelo poder municipal.

Santa Inês oficialmente tem tido os melhores índices nas avaliações sobre qualidade do ensino escolar integrado e integral entre todos os municípios da Bahia. Um dos seus slogans oficiais é “Cidade Educadora”.

Isto, apesar de ser um dos 10 mais pobres do Estado. Tem uma população em torno de 11 mil habitantes, a maioria concentrada na sede. Ostenta ser, no Brasil, um dos locais de maior longevidade populacional.

De fato, pelo demonstrado em equipamentos públicos, prédios escolares modernos, adequados, a maioria construída recentemente ou em construção, impressiona.

Testemunhos de diretores e professores afirmam: os alunos da rede municipal – que entram às 8 e saem às 16h – recebem educação multidisciplinar, 4 refeições diárias e atendimento médico, psíquico e odontológico nas próprias escolas.

A atual administração petista, no poder de 2017 para cá, tem tentado atrair o turismo, divulgando a ideia de ser “a cidade dos dinossauros”. A partir da instalação de réplicas em resina criadas por Anísio Borges, artista plástico local. Dezenas delas estão espalhadas em praças e parques, e até mesmo uma “fábrica de dinossauros” está sendo projetada.

Este escrevinhador ouviu de alguns santaineenses que “isso não faz sentido algum”, uma vez que jamais nem nunca foi encontrado no município vestígio arqueológico dessas espécies extintas antes da era do homo sapiens.

Dinossauros feitos de resina plástica na entrada da cidade de Santa Inês, Vale do Jiquiriçá

A estratégia de comunicação e marketing da gestão inclui a instalação do primeiro museu ferroviária de toda a região, inaugurado a 29 de maio deste 2024.

O museu conta a história da linha férrea implantada em 1908 e desativada em 1971. O trajeto cruzava o Vale do Jiquiriçá, ligando Nazaré das Farinhas (no recôncavo) a Jequié, sudoeste baiano. No período Santa Inês foi um dos mais importantes produtores de café do Brasil, com iniciativa de imigrantes espanhóis e italianos.

No distrito de Lagoa Queimada, zona rural, um morador escavando a terra achou restos de vasos de barro (“pensando que havia encontrado ouro”, contou Binho, o morador). Depois ali restos mortais foram identificados por pesquisadores como de povos antepassados que habitaram a região. Então foi criado o denominado Sítio Arqueológico Indígena de Lagoa Queimada.

Trabalhos artesanais, como cestos e outros utensílios domésticos, são produzidos por mulheres residentes na referida zona rural, a partir da coleta de palhas de licuri. Uma das artesãs de referência é a Bia, que explicou o processo aos estudantes.

Dona Sorlinda, de mais de 80 anos, é também mestra artesã no fabrico de vassouras também feitas de palha, vendidas por seu filho por míseros 5 Reais.

Os estudantes tiveram acesso a diversos equipamentos ostentados pela gestão municipal, a exemplo da premiada Fanmusi, fanfarra de Santa Inês, das mais premiadas da região, que vem formando alunos.

Foi, aliás, a primeira atividade como instrutor de fanfarra, de Hemerson Eloi (PT), popularmente conhecido como Professor Emerson, eleito prefeito em 2016. Ele não tem nenhum membro de oposição entre os 9 vereadores do município.

A programação incluiu um minicurso intitulado “A importância da comunicação política para a sociedade de Santa Inês”.

O minicurso, ministrado pelo coordenador da atividade de extensão (este escrevinhador), ocorreu na tarde de sábado, 8/06, para três dezenas de estudantes da rede de ensino e outros interessados antecipadamente inscritos.

Durante a noite de sábado, mesa redonda com a presença do prefeito, representantes da sociedade santaineense e autoridades outras, encerra a parte eminentemente política da atividade.

No domingo os estudantes da UFBA iriam visitar mais uma das atrações naturais do Vale do Jiquiriçá: uma das Cachoeiras de Três Braços, distrito em zona da mata de do município Cravolândia, região do cacau.