
“O negócio das ONG$”, chamada de capa para uma reportagem que investigava os interesses econômicos e políticos que sustentam a narrativa de “bem feitores” de causas sociais, entre outras a assistência à população de rua na Salvador do ano 2000, deu o primeiro prêmio do concurso Banco do Brasil/Sinjorba de Jornalismo a um “estranho no ninho” da grande imprensa local: o nanico jornal impresso Província da Bahia, em competição com produtos jornalísticos empresariais – A Tarde, Correio da Bahia, Tribuna da Bahia etc.
Isso em 2001. Um ano depois, o feito iria repetir-se. A Província [clique para ler] derrotou toda a imprensa corporativa na categoria de jornalismo impresso do prêmio Cofic (Pólo Petroquímico) de Jornalismo Ambiental. A reportagem, “Paraísos e problemas”, mostrava os impactos social e ecológico do Hotel Transamérica, em ilha do município de Canavieiras, litoral sul da Bahia.
O alternativo, cuja sede era a residência do editor, foi o único veículo contemplado com um cheque – no valor de 25 salários mínimos vigentes em 2002, além de troféu. A TV Bahia (Globo) ganhou em jornalismo eletrônico, o mesmo valor.
A partir deste 3 de julho de 2024, em ato solene às 10h, o acervo da Província está doado para a guarda da Associação Bahiana de Imprensa.
O evento aberto ao público, com um bate papo sobre “Imprensa alternativa ontem e hoje”, acontece na sede da ABI localizada na Praça da Sé, centro histórico da capital.
Durante a solenidade, Rebeca Silva Teles, presidente do Centro de Práticas e de Estudos de Diversidades Culturais (Afirme-se!), entidade responsável anterior pelo acervo, assinará um termo cedendo todos os direitos de guarda à ABI.
Estudantes, jornalistas e pesquisadores sociais interessados na história da imprensa terão acesso livre para consulta ao veículo impresso, futuramente a ser digitalizado.
Compõe o acervo doado exemplares dos número 0 (zero) ao 36. Não está completo, pois faltam os exemplares de números 1 (com o geógrafo Milton Santos), 3 (com a dançarina do ÉoTchan!, Carla Perez) e 32 (capa ilustrada como um tabuleiro branco e preto, sobre conflito racial). Colecionadores que os tiverem podem contatar diretamente a assessoria de comunicação da ABI, se os quiserem oferecer.
- COMO ERA
A Província circulou de dezembro de 1996 a dezembro de 2005, de forma não contínua, sob o comando deste escrevinhador. A equipe produtora do conteúdo do jornal era gente das faculdades de jornalismo, gentes das arenas cultural, acadêmica e política.
Os colaboradores nada recebiam, na medida em que para manter-se o jornal “passava o pires” – como se diz no popular. Passou por quatro reformas editoriais, visando agilidade e clareza na leitura. Teve uma versão digital, na Internet.
É possível encontrar algumas edições digitais em busca cuidadosa pelo link https://web.archive.org/details/http://www.provinciadabahia.com.br
Valeu Fernando! Vou ler. Abs.
Excelentes lembranças, bons momentos ainda que difíceis…., éramos mais corajosos…